Enquanto a bandeira suíça se estende sobre a cama de um bunker nuclear em Gollion, a Suíça planeja modernizar sua vasta rede de abrigos nucleares, impressa pelo pânico gerado pelas tensões globais crescentes, especialmente após a invasão russa à Ucrânia em 2022.

Graças a uma lei rigorosa datada de 1963, a Suíça se destaca em relação a países vizinhos como a Alemanha, pois garante que cada um dos seus 9 milhões de cidadãos, incluindo estrangeiros e refugiados, tenha um espaço garantido em um bunker. Este cenário tornou-se cada vez mais valioso em tempos incertos.

Louis-Henri Delarageaz, comandante de proteção civil do cantão de Vaud, revelou à Reuters que “nos próximos anos, a Confederação Suíça pretende remover algumas exceções atuais e reformar os abrigos mais antigos”. O governo já iniciou a consulta pública, buscando assegurar a "resiliência suíça em possíveis conflitos armados" e planeja investir 220 milhões de francos suíços (aproximadamente R$1,48 bilhões) nesta modernização.

“Isso não significa que estamos nos preparando para um conflito iminente – essa não é a mensagem –, mas precisamos garantir que nossa rede de abrigos permaneça funcional e segura”, disse Delarageaz.

Em Bercher, no cantão de Vaud, equipes de proteção civil, vestindo macacões laranja brilhante, realizam inspeções regulares em bunkers localizados sob prédios residenciais, uma prática obrigatória a cada 10 anos. Em uma das inspeções, um oficial encontrou dificuldades para fechar a porta de um bunker, enquanto uma ventilação de ar, escondida entre vasos de plantas, era considerada operacional, mas um túnel de fuga, cheio de teias de aranha, levava a um poço profundo sem uma escada.

“Esse abrigo não é seguro em seu estado atual”, afirmou Gregory Fuhrer, o chefe da equipe. O proprietário terá um ano para corrigir as falhas, sob pena de pagar 800 francos (900 dólares) por cada morador que não tiver acesso a um abrigo público.

A Suíça se mantém firme em sua neutralidade desde 1815, embora tenha enfrentado ocupações e bombardeios aéreos em guerras passadas, a mais recente sendo a Segunda Guerra Mundial. Desde 2022, após a invasão da Ucrânia, o celular do escritório de proteção civil não para de tocar. “Recebemos uma quantidade surpreendente de ligações de moradores preocupados com a localização e condições dos abrigos, muitos questionando: onde está meu espaço, e ele está disponível?”, comentou Delarageaz, que teve que recusar pedidos de franceses querendo ocupar vagas.

Embora muitos suíços tenham seus próprios abrigos privados, há também 350 abrigos comunitários que são utilizados. Um exemplo próximo ao escritório de proteção civil é um bem conservado, com beliches e banheiros. Isso sem contar com centros de comando subterrâneos e hospitais com salas de operação e chuveiros de descontaminação, além de um bunker especial destinado à proteção de obras de arte.

Concluindo, Delarageaz destacou a importância da visão de longo prazo: “Na Suíça, aplicamos um velho ditado latino: 'Se queres a paz, prepara-te para a guerra'. Portanto, estamos prontos, e nosso compromisso com a segurança é inabalável.”

Prepare-se, o futuro da Suíça em tempos de crise está sendo moldado agora!