Stedile: veto à Venezuela revela subserviência do Brasil aos EUA
2024-10-27
Autor: Julia
João Pedro Stedile, coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), criticou duramente o Itamaraty pela decisão de vetar a entrada da Venezuela como país parceiro do Brics durante a recente reunião do grupo na Rússia.
Stedile argumenta que essa atitude do Brasil expõe "a posição ideológica do corpo diplomático, que opera com interesses de classe e se mostra historicamente subalterno à União Europeia e aos Estados Unidos". Ele observa que essa postura contrasta com o tratamento privilegiado dado a países como a Argentina, mesmo com Javier Milei chamando Lula (PT) de "ladrão" repetidamente.
O líder sem-terra ressalta que o Itamaraty alega manter uma política de relações de Estado, afirmando que "governos não importam". No entanto, a crítica a Nicolás Maduro foi evidente no encontro do Brics. "Como ficam os interesses do Estado venezuelano? Um pouco de dignidade faria bem. E qual é a avaliação do Itamaraty sobre as democracias nas monarquias do Oriente Médio que participam do Brics?", pergunta ele, expressando sua indignação nas redes sociais.
Adicionalmente, Stedile foi recebido por Maduro em setembro, onde discutiram uma parceria para fortalecer a produção agrícola. Essa reunião foi vista como uma tentativa de estreitar laços entre o Brasil e a Venezuela, em um contexto onde as relações diplomáticas são frequentemente marcadas pela tensão.
Com uma crise econômica em curso e a necessidade urgente de diversificação nas relações comerciais, muitos questionam se o Brasil está perdendo uma oportunidade de se alinhar com um parceiro estratégico na América Latina. A postura do Itamaraty, sob a ótica de Stedile, é um reflexo não só da política interna brasileira, mas também das influências externas que moldam suas decisões.
Portanto, a questão não é apenas sobre a entrada da Venezuela no Brics, mas sobre o papel mais amplo que o Brasil deseja desempenhar na arena internacional frente a potências como EUA e UE.