O Qatar lançou um alerta sobre a possibilidade de interromper o fornecimento de gás natural à União Europeia (UE) caso os estados membros decidam implementar rigorosamente uma nova legislação que impõe penalidades a empresas que não cumprirem os critérios relacionados a direitos humanos, trabalhistas e emissões de carbono.

Saad al-Kaabi, ministro da Energia do Qatar, afirmou que se algum país da UE aplicar sanções baseadas na nova legislação, Doha não exportará mais gás para a região. "Se eu [perder] 5% da minha receita ao ir para a Europa, não irei para a Europa. Não estou blefando", declarou Kaabi em uma entrevista ao Financial Times. Ele salientou que a perda desse recurso significaria uma perda significativa para a economia do país, destacando que isso afeta diretamente o bem-estar da população qatari.

A nova legislação, que demanda que os países europeus contem com poderes para aplicar multas de até 5% da receita global anual de empresas que não se conformarem, foi adotada pela União Europeia em maio de 2023. Essas medidas têm como parte da meta ambiciosa do bloco de alcançar emissões líquidas zero até 2050. No entanto, muitas empresas internacionais que operam na UE argumentam que os novos requisitos são excessivamente rigorosos e destacam o risco de desvantagens competitivas.

Além disso, empresas estrangeiras que obtêm receitas superiores a 450 milhões de euros no mercado europeu estarão sujeitas a essas sanções. A Cefic (Conselho de Indústria Química Europeia) expressou preocupações de que as novas regras possam gerar "risco significativo de litígios" e sugeriu que elas devem ser analisadas mais cuidadosamente para identificar formas de simplificação e redução de encargos, a fim de minimizar exposições a responsabilidades.

A tensão entre o Qatar e a UE destaca a complexa dinâmica global em relação ao fornecimento de energia e às normas de sustentabilidade, à medida que nações e empresas devem equilibrar a pressão por responsabilidade social e ambiental com a viabilidade econômica. O futuro das relações comerciais entre o Qatar e a UE pode depender de como esses desafios serão resolvidos.