Em uma manifestação que marcou o setor de energia solar, integradores e consumidores realizaram protestos nesta sexta-feira (01) contra a constante reprovação de projetos de Geração Distribuída (GD) pelas distribuidoras, que alegam problemas relacionados à 'inversão de fluxo'.

Os protestos ocorreram em Campinas (SP) e São Leopoldo (RS), onde consumidores e profissionais se mobilizaram contra as decisões de concessionárias, como a CPFL e a RGE Rio Grande Energia, que têm impedido o avanço de projetos essenciais para a autonomia energética.

Com a Aliança Solar na coordenação, que inclui o Instituto Nacional de Energia Limpa (INEL) e o Movimento Solar Livre (MSL), os atos foram pacíficos, mas firmes ao chamar atenção para a crise enfrentada pelo setor. Esse fenômeno de rejeição tem resultado em demissões em massa e o fechamento de empresas, além de prejudicar o direito dos consumidores de gerarem a própria energia.

Atualmente, estima-se que existam cerca de 3 milhões de sistemas de micro e minigeração solar no Brasil, de acordo com dados da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). Esta capacidade de geração tem sido ameaçada pelas recentes decisões das distribuidoras.

Durante a manifestação em Campinas, o Canal Solar conversou com executivos e integradores que vieram de diferentes partes do estado. A ação em São Leopoldo reuniu cerca de 600 pessoas, incluindo representantes de empresas, instaladores e pequenos empresários, que chegaram em delegações organizadas.

Os manifestantes empunharam cartazes e faixas, demonstrando apoio à GD e exigindo mudanças rápidas. O evento em São Leopoldo também incluiu discursos de líderes do setor e uma passeata até a sede da RGE, onde uma comissão foi autorizada a entregar um ofício com as reivindicações aos responsáveis.

Uma das grandes novidades do evento foi a criação da Frente Gaúcha de Defesa da Geração Distribuída, uma nova plataforma para fortalecer a luta a favor dos direitos dos consumidores e do setor. O compromisso das distribuidoras de avaliar a criação de um canal de diálogo foi um dos resultados positivos da ação.

Os organizadores já anunciaram planos para uma nova manifestação em Brasília (DF), com o objetivo de mobilizar parlamentares a favor da causa. Além disso, estão previstas novas manifestações pacíficas em todo o Brasil a partir de 2025, com frequência bimestral, em frente às distribuidoras que não aceitarem as conexões de sistemas de GD.

A insatisfação com as práticas atuais destaca a urgência de mudança na regulamentação do setor solar, um caminho crucial para a transição energética no Brasil. Os profissionais do setor mantêm a esperança de que, com esta mobilização, novos diálogos se abram e soluções efetivas sejam encontradas.