Roberto Prisco Paraíso Ramos, o recém-nomeado presidente da Braskem, não é um nome qualquer; ele tem um passado que o vincula ao escândalo da Lava Jato. Em março de 2016, durante a 26ª fase da operação que abalou o Brasil, Ramos chegou a ser preso temporariamente, em meio a investigações sobre a Odebrecht, agora Novonor, e a Petrobras, que possuem, respectivamente, 51% e 49% da petroquímica Braskem.

Na última segunda-feira (4), a Novonor anunciou a indicação de Ramos para liderar a Braskem a partir de dezembro, substituindo Roberto Bischoff. A nomeação reacende discussões sobre a governança da empresa, que tem sido alvo de críticas e escrutínio devido ao seu envolvimento em questões de corrupção.

Em 2016, enquanto era presidente da Odebrecht Óleo e Gás, Ramos foi um dos diversos executivos da empresa implicados nas investigações da Lava Jato. Durante as investigações, e-mails revelaram conversas intrigantes, incluindo um em que Ramos pedia a um colega, conhecido como "Tio Bel", a entrega de 50 acarajés no escritório, uma gíria que, segundo a Polícia Federal, era um código para pagamentos de propina.

Embora tenha enfrentado a prisão, fontes próximas à Braskem afirmam que Ramos não foi formalmente acusado e não integrou o grupo de delatores da Odebrecht. Além disso, ele já possuía um histórico na empresa, tendo atuado como vice-presidente de 2002 a 2010 e, mais recentemente, como presidente da Ocyan, a empresa que sucedeu a Odebrecht Óleo e Gás.

Ramos é formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e suas credenciais são consideradas sólidas dentro do setor. Contudo, a nomeação dividiu opiniões, com críticos apontando que seu passado na Lava Jato pode manchar a imagem da Braskem em um momento em que a empresa busca recuperar a confiança do mercado.

Com a mudança de liderança, muitos se perguntam: será que Ramos conseguirá reverter a maré negativa e colocar a Braskem novamente nos trilhos? É uma questão que ficará em destaque nas próximas semanas e meses, à medida que as ações e decisões do novo presidente forem analisadas de perto.