Por que os presidentes dos EUA são sempre democratas ou republicanos?
2024-11-02
Autor: Mariana
Os desafios enfrentados por Kamala Harris e Donald Trump na corrida pela Casa Branca
A dinâmica da política americana gira em torno de dois partidos principais, o que suscita a pergunta: por que a presidência dos Estados Unidos tem sido dominada por democratas e republicanos? A resposta reside em uma combinação de fatores que tornam os candidatos de partidos menores quase invisíveis no cenário eleitoral.
Atualmente, Kamala Harris e Donald Trump estão concorrendo nas eleições presidenciais. Se Harris triunfar, se tornará a 17ª presidente do Partido Democrata, perpetuando a história do partido no poder. Em contrapartida, a vitória de Trump significaria seu retorno após ter exercido a presidência entre 2017 e 2021, com 19 membros do Partido Republicano já tendo governado os EUA ao longo de sua história.
Além de Harris e Trump, outros candidatos, como Chase Oliver do Partido Libertário e Jill Stein do Partido Verde, estão na disputa, mas, lamentavelmente, a maioria deles não é mencionada em pesquisas eleitorais, indicando a dificuldade que enfrentam em ganhar visibilidade.
Nos últimos 175 anos, o último candidato de outro partido a assumir a presidência foi Zachary Taylor, eleito em 1848 pelo extinto Partido Whig. Após sua morte, Millard Fillmore, também do mesmo partido, assumiu a presidência, mas, em 1852, um democrata retornou ao comando e desde então, a alternância tem sido entre os dois grandes partidos.
Três fatores principais explicam por que candidatos de outros partidos têm dificuldade em se estabelecer:
1. Eleições indiretas:
A eleição presidencial nos EUA é um sistema indireto. Os cidadãos votam, mas suas escolhas vão para delegados que compõem o Colégio Eleitoral, que realmente elege o presidente. Cada estado tem uma quantidade específica de delegados, e a maioria, exceto Maine e Nebraska, adota a regra "winner-takes-all", onde o candidato mais votado leva todos os delegados daquele estado. A necessidade de obter 270 dos 538 delegados para vencer cada vez mais favorece os dois partidos principais.
2. Votação por maioria simples:
O sistema eleitoral dos Estados Unidos, que não exige um segundo turno, promove a votação por maioria simples, tendência que foi analisada pelo sociólogo francês Maurice Duverger. Este fenômeno, conhecido como 'voto estratégico', faz com que os eleitores concentrem seus votos em candidatos com reais chances de vencer, marginalizando candidatos de partidos menores e favorecendo a polarização entre democratas e republicanos.
3. Autonomia dos estados:
Cada um dos 50 estados, mais o Distrito de Columbia, tem suas próprias regras eleitorais. Competir nas eleições presidenciais exige que candidatos atendam a uma variedade de normas que varia drasticamente de um estado para outro. A complexidade e o custo de arrecadar fundos para campanhas em um sistema tão disperso tornaram impossível a viabilidade política de partidos menores.
Assim, as eleições nos EUA continuam a ser dominadas por duas forças políticas, refletindo não apenas um sistema eleitoral complicado, mas também tradições culturais e históricas que consolidaram o bipartidarismo. Enquanto a corrida presidencial se intensifica, a pergunta persiste: será que algum dia um candidato de um partido menor terá chance de romper essa barreira?