Por que Bangladesh foi escolhido como o país do ano de 2024 pela The Economist?
2024-12-22
Autor: Lucas
A trajetória política de Sheikh Hasina
A trajetória política de Sheikh Hasina, ex-primeira-ministra de Bangladesh, foi marcada por controvérsias e repressão. Depois de liderar um acelerado crescimento econômico, Hasina se tornou alvo de críticas, sendo chamada de "repressora" pela revista The Economist. Ela foi acusada de prender opositores e autorizar a violência das forças de segurança contra manifestantes, com evidências de fraudes nas eleições para garantir sua permanência no poder. "Enormes quantias de dinheiro foram desviadas durante seu governo", relata a publicação.
A queda de Hasina e a transição de poder
Durante um período crítico, Sheikh Hasina fugiu para a Índia, o que levou à formação de um governo interino sob a liderança do general Waker-Us-Zaman, chefe do Exército. A queda de Hasina, marcada por um histórico de violência e corrupção, e a transição pacífica de poder a um novo líder foram os fatores que motivaram a premiação da The Economist. Imagens de cidadãos celebrando a saída da primeira-ministra nas ruas de Daca refletem um desejo de mudança na sociedade.
Muhammad Yunus e a nova liderança
Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, assumiu a liderança do governo temporário em Bangladesh e obteve um vasto apoio popular, especialmente entre estudantes, militares e organizações civis. De acordo com a análise da The Economist, Yunus conseguiu restaurar a ordem pública e revitalizar a economia, sendo crucial sua decisão sobre a realização das próximas eleições, que devem ser organizadas de forma justa e inclusiva.
Razões para o prêmio e comparação com outros países
Com a destituição de um governo autocrático e a promessa de um governo mais liberal, Bangladesh se destacou como o "país do ano" pela The Economist. Sheikh Hasina, filha de Sheikh Mujibur Rahman, o 'herói da independência' de Bangladesh, viu sua família manchada por tragédias políticas. Mujibur Rahman foi um dos fundadores do país, atuando tanto como presidente quanto como primeiro-ministro até ser assassinado em 1975 durante um golpe de Estado.
Ranking dos cinco melhores países
No ranking dos cinco melhores, a Síria ocupa a segunda posição. Mais de uma década após o início de sua devastadora guerra civil, o ex-presidente Bashar al-Assad deixou o país em busca de asilo político na Rússia. "Assad foi, sem dúvida, o pior tirano deposto em 2024", afirma a The Economist. No entanto, sua partida não garante estabilidade na Síria, uma vez que o grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que controla partes do país, tem um histórico de radicalismo.
A lista dos cinco países
A lista dos cinco países inclui também Argentina, Polônia e África do Sul. Na Argentina, o presidente Javier Milei implementou medidas consideradas um "experimento de mercado livre radical", resultando em crescimento econômico e redução da inflação. Na Polônia, o novo governo liderado por Donald Tusk veio para reparar os danos causados pela antiga administração. Por último, na África do Sul, o Congresso Nacional Africano (CNA) prepara um governo de coalizão que promete mais estabilidade política.
Histórico do prêmio 'país do ano' da The Economist
O título de 'país do ano' é atribuído pela The Economist todo mês de dezembro. Anteriormente, países como Colômbia, Ucrânia e Maláui foram premiados por razões que vão desde a superação de conflitos internos à resistência a invasões. Em 2023, a Grécia foi a vencedora, celebrando a recuperação pós-crise financeira e a reeleição de um governo considerado racional pela revista.