A análise de especialistas aponta que a proposta do presidente Lula para a segurança pública pode encontrar sérios obstáculos devido ao forte corporativismo presente nas corporações policiais. Segundo o especialista em segurança, Soares, 'o plano idealizava uma racionalidade técnica que não foi aplicada, além de ajustar as instituições públicas às determinações constitucionais'. A falta de dados concretos é um dos pontos críticos. Em 2021, a resolução 160 da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo deu um passo importante ao instituir o Sistema Estadual de Coleta de Estatísticas Criminais, mas essa iniciativa ainda não foi replicada em nível nacional.

Soares destaca a importância de ter dados confiáveis, como índices de esclarecimentos de crimes e produtividade policial, para que a população possa entender se os investimentos em segurança estão sendo eficazes. Sem esses números, é impossível avaliar se os bilhões gastos neste setor realmente trazem resultados positivos.

Além disso, Soares enfrentou dificuldades para implementar o tão falado 'pacto pela paz', que teve uma duração efêmera em sua gestão. A resistência de muitos governadores, que se sentem amarrados ao corporativismo policial e à chamada 'bancada da bala', que prioriza questões como salários e privilégios em vez de uma reforma abrangente, agrava ainda mais a situação. Esses grupos políticos se negam a reconhecer que o modelo de segurança implementado no Brasil, que é amplamente criticado por ineficácia, carece de uma reformulação urgente.

É fundamental que Lula consiga contornar essas barreiras e implementar uma reforma que coloque dados e a transparência em primeiro lugar, caso contrário, sua proposta provavelmente não obterá o sucesso desejado e a violência continuará a assolar o país. A pergunta que fica é: será que a pressão popular e o clamor por segurança real serão suficientes para romper esse ciclo de ineficiência?