Saúde

Alcoolismo no Futebol: O Inimigo Silencioso que Arruína Carreiras e Vidas

2024-11-04

Autor: Gabriel

O alcoolismo é um tema cercado por tabus nos clubes brasileiros, e sua profundidade é frequentemente ignorada nas discussões sobre a saúde e o desempenho dos atletas. Estudos globais mostram que o problema é mais comum do que muitos imaginam. Em uma pesquisa de 2014, que analisou a saúde de 301 atletas (180 ativos e 121 aposentados), constatou-se que 26% dos atletas em atividade apresentavam distúrbios de ansiedade e depressão, uma condição muitas vezes agravada pela pressão para se manterem no topo de suas carreiras.

Uma pesquisa mais recente, realizada em 2015 pelo Sindicato Internacional dos Profissionais de Futebol, revelou que 9% dos jogadores ativos e 25% dos aposentados admitiram o consumo excessivo de álcool. Embora o álcool não esteja listado entre as substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidoping, suas consequências podem ser devastadoras para a saúde e a performance.

Diversos ídolos do futebol brasileiro sucumbiram aos efeitos do alcoolismo. Nomes como Garrincha e Sócrates são – infelizmente – emblemáticos de uma batalha perdida contra o vício. Vidas encurtadas e carreiras que poderiam ter sido brilhantes, mas que foram comprometidas pelo consumo excessivo de álcool, são uma realidade que muitos atletas enfrentam. Ícones paraenses como Alcino e Ferreira também vivenciaram esse drama, e o legado que deixaram é um alerta para as novas gerações de jogadores.

O impacto do alcoolismo não se limita à vida pessoal; ele também afeta significativamente o desempenho em campo. Atletas que consomem álcool regularmente enfrentam desidratação e desequilíbrios psicomotores que minam sua capacidade de executar passes precisos e tomar decisões acertadas durante as partidas. O retardamento na recuperação física pós-jogo e o comprometimento das habilidades motoras são alguns dos efeitos colaterais mais preocupantes do consumo de álcool.

O professor Erick Cavalcante, fisiologista do clube Remo, destaca que as consequências do alcoolismo vão além do âmbito físico: os danos psicológicos, especialmente em casos de consumo agudo, podem ser devastadores. O ambiente dos clubes, frequentemente marcado por festas e celebrações, pode ser um terreno fértil para a adesão ao vício. É vital que clubes e famílias estejam atentos e promovam a conscientização sobre os perigos do álcool entre os jovens jogadores.

Infelizmente, a história se repete com contratações controversas, como os casos de Yone Gonzalez e Cazares, cujo histórico de alcoolismo não foi suficiente para barrar a contratação pelo Paysandu. Essas decisões revelam uma falta de responsabilidade no gerenciamento da saúde e do bem-estar dos atletas.

À medida que o futebol evolui, os desafios enfrentados pelos jogadores também mudam. Atualmente, um atleta de alto desempenho precisa correr mais de 12 quilômetros em uma única partida, em comparação aos 7-8 quilômetros de décadas atrás. Essa exigência física intensificada torna ainda mais alarmantes os efeitos do alcoolismo, que pode custar não apenas o sucesso em campo, mas até mesmo a vida dos atletas. É urgente que o futebol brasileiro enfrente este problema com mais seriedade e ação.