Policial que matou Jean Charles revela que agiu por medo em documentário
2024-11-11
Autor: João
Depoimento de C12
O policial britânico, conhecido apenas como C12, que disparou contra o brasileiro Jean Charles de Menezes em 2005, comentou suas ações em um documentário veiculado no domingo (10.nov.2024). Este é o primeiro depoimento público do agente desde a trágica morte do eletricista em Londres, que repercutiu mundialmente.
No documentário intitulado 'Shoot to Kill', exibido pelo Channel 4, C12 revelou que suas decisões foram influenciadas pelas informações que tinha durante a operação. "Tudo me dizia que eu ia morrer, por isso agi daquela forma", confessou, revelando uma perspectiva que levanta questões sobre o treinamento e os protocolos da polícia diante de situações de risco.
O caso de Jean Charles de Menezes
Jean Charles de Menezes foi mortalmente ferido por sete tiros na cabeça enquanto se dirigia ao trabalho em um vagão do metrô na estação de Stockwell. Os policiais confundiram o cidadão brasileiro com um suspeito envolvido em atentados contra o transporte público londrino, que ocorreram em 21.jul.2005. A tentativa de ataque, que não obteve sucesso, aconteceu duas semanas após os atentados de 7.jul.2005, que resultaram na morte de 52 pessoas, gerando grande temor e tensão na sociedade.
Investigação e responsabilidades
Inicialmente, a polícia britânica alegou que Jean Charles apresentava comportamento suspeito. No entanto, investigações ulteriores e testemunhos revelaram que sua conduta era a de um passageiro comum. Em 2007, a Scotland Yard foi considerada culpada civilmente e multada em 175 mil libras esterlinas. Além disso, em 2009, a família de Jean Charles recebeu uma indenização de 100 mil libras, mas nenhum dos agentes envolvidos foi criminalmente responsabilizado. A decisão de não processar os policiais, feita sob a direção de Keir Starmer no Ministério Público, foi posteriormente confirmada pela Corte Europeia de Direitos Humanos em 2016.
Reação da família e mudanças nas políticas policiais
A família de Jean Charles expressou sua indignação com as declarações do policial. Katia da Silva, prima de Jean, questionou: "Ele não demonstra arrependimento. Por que decidiu falar agora, quase 20 anos depois?" Essa pergunta ecoa o sentimento de muitos que acreditam que as ações policiais devem ser firmemente responsabilizadas.
O caso teve um impacto duradouro nas táticas utilizadas pela polícia de Londres em situações de terrorismo. Em 2006, a Metropolitan Police revisou suas diretrizes sobre a política de 'atirar para matar', introduzindo novos protocolos de identificação e verificação de suspeitos. Essas mudanças buscam evitar que tragédias semelhantes aconteçam no futuro e ressaltam a importância de um balanço adequado entre segurança pública e direitos civis.