Tecnologia

Polícia Federal desmantela esquema milionário de fraudes em fintechs e prendeCEO foragido

2024-09-30

A Polícia Federal (PF) deu um golpe fulminante no submundo da fraude financeira ao prender nessa segunda-feira (30) um homem procurado na investigação da Operação Concierge. Lançada em 28 de agosto, a operação revelou um esquema bilionário envolvendo fintechs não autorizadas a operar no sistema financeiro nacional.

Wagner Amorim, que se apresenta como CEO de uma startup voltada para a educação, foi detido em Votorantim (SP). De acordo com informações da PF, ele estava diretamente ligado a uma das fintechs que estão sob investigação. A movimentação de R$ 7,5 bilhões entre 2020 e 2023 está sendo investigada como parte de um intrincado esquema de blindagem patrimonial e lavagem de dinheiro, envolvendo tanto facções criminosas quanto empresas em débito com a Receita Federal.

Ao perceber a presença da polícia, Amorim tentou escapar para a mata, mas foi capturado pelos agentes. Até o momento, 15 dos 16 suspeitos foram presos, incluindo 14 no dia da operação. Um homem ainda permanece foragido.

As fintechs alvos da operação, a Inovebanco e T10 Bank, estavam no centro desta rede criminosa. Os sócios dessas empresas, Patrick Burnett e José Rodrigues, foram detidos no dia em que a operação foi deflagrada. A investigação revelou que essas fintechs realizaram transações suspeitas sem notificação aos órgãos de controle, burlando as regras do setor bancário, o que facilitou a execução de crimes.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), bancos como Rendimento e Bonsucesso também falharam em manter a supervisão necessária, permitindo que suas contas fossem usadas como “contas bolsonas” por essas instituições clandestinas. Essa negligência contribuiu para movimentações de grandes quantias de dinheiro de origem duvidosa.

Mas o que mais impacta é que a organização criminosa não só lavava dinheiro de atividades ilícitas, como também servia a facções do narcotráfico, incluindo a UPBus, empresa de transporte público supostamente ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

A operação foi realizada com diversas prisões e apreensões em várias cidades, incluindo Campinas (SP), São Paulo (SP), Ilhabela (SP), Sorocaba (SP) e Americana (SP). Aproximadamente R$ 850 milhões em contas associadas ao grupo criminoso foram bloqueados.

Veículos de luxo, incluindo marcas como Porsche, BMW e Mercedes-Benz, foram apreendidos, assim como joias, relógios e centenas de máquinas de cartão de crédito. Esses itens estão sendo analisados pela polícia e serão mantidos em depósito judicial.

As fintechs exploravam uma estratégia habilidosa para tornar suas transações invisíveis, operando contas correntes em bancos tradicionais. Um cliente, mesmo que com restrições financeiras, poderia realizar operações sem que seu nome aparecesse em nenhum extrato, pois as transferências eram registradas como feitas pela fintech e não pelo cliente. Isso permitia que estes mantivessem seu patrimônio livre de qualquer consequência legal.

Com uma movimentação total de R$ 3,5 bilhões apenas entre 2020 e 2023, a Operação Concierge não apenas revela a fragilidade do controle financeiro em nosso país, mas também levanta questionamentos sérios sobre a vigilância nas fintechs e a necessidade de uma regulamentação mais rígida.

Os envolvidos nesta operação enfrentam diversas acusações, incluindo gestão fraudulenta de instituições financeiras, operação sem autorização, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa. A denominação 'Concierge', que remete a um profissional que atende necessidades específicas de clientes, simboliza a entrega de serviços clandestinos para ocultar capitais de maneira protetora.

Fique atento! Essa investigação pode abrir portas para novas descobertas chocantes sobre o submundo financeiro.