Nação

Disputa pela Sucessão de Lira Pode Criar Divisões no Centrão entre PL e PT na Câmara

2024-09-25

A sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados promete trazer grandes mudanças na aliança do Centrão a partir do próximo ano. A escolha do novo líder não apenas mudará a dinâmica interna da Casa, mas também afetará a composição das comissões e a distribuição dos cargos da Mesa Diretora.

Nesse contexto, a aproximação de Lira e de seu candidato à sucessão, Hugo Motta (Republicanos-PB), com o PL de Jair Bolsonaro está em foco. Por outro lado, Elmar Nascimento (União-BA) e Antônio Brito (PSD-BA), que também estão na disputa, buscam o apoio do governo federal. A reeleição de Lira em 2023 resultou na criação do "superbloco" que conta com 175 deputados, em uma estratégia para garantir a força do seu grupo.

Esse movimento foi uma reação ao conjunto formador de outro grupo, composto por MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC, que tem 142 integrantes sob a liderança de Antônio Brito. O "superbloco" teve prioridade em indicações para as comissões da Câmara, incluindo a influente Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), cuja relevância se deve ao fato de que ela analisa a constitucionalidade das propostas de lei.

O acordo que posicionou Lira na presidência em 2023 previa que o PT, partido do presidente Lula, lideraria a CCJ. Contudo, em 2024, essa responsabilidade passará ao PL, que tem demonstrado sinais de apoio à candidatura de Hugo Motta.

A expectativa agora gira em torno da reconfiguração dessas alianças durante a eleição para a presidência da Câmara. O bloco de Lira é atualmente liderado por Elmar Nascimento, que se sentiu desprestigiado pela escolha de Hugo. Esse quadro tem levado a um descontentamento crescente entre os integrantes do "superbloco".

Lideranças do grupo de Lira acreditam que a divisão no Centrão começou quando Lira decidiu apoiar um candidato externo ao seu grupo, o que poderá gerar novas alianças e rivalidades até a eleição presidencial. A articulação em torno de Hugo Motta ficou forte após Marcos Pereira, do Republicanos, renunciar à disputa.

A busca de Arthur Lira por manter sua influência inclui tentativas de atrair o PL para o seu lado. Além dos 92 deputados do PL, o MDB também possui 44 e poderia reforçar o bloco de Motta, que já tem uma boa aceitação entre os emedebistas.

Recentemente, Motta promoveu um almoço com líderes partidários, ressaltando que, mesmo que não tenha sido um evento formal de apoio, os convidados estavam alinhados com suas ideias.

No campo petista, o líder na Câmara, Odair Cunha, apontou que poderia levar a candidatura de Motta para discussão do partido, embora os petistas ainda tenham suas reservas quanto a uma aliança com o grupo liderado por Lira, temendo que isso prejudique as posições do PL dentro da Câmara.

Por outro lado, Elmar Nascimento e Antônio Brito estão trabalhando para criar um novo bloco com forte apoio governista, sinalizando ao presidente Lula que estão dispostos a formar uma maioria favorável ao governo. Mesmo que Lula tenha declarado que não deve se envolver na disputa, suas reuniões com candidatos indicam que o governo está atento às movimentações.

As próximas semanas prometem ser decisivas. O ministro da Previdência, Carlos Lupi, ressaltou que a composição do novo bloco deve se concretizar entre outubro e novembro, em preparação para a eleição que acontecerá em fevereiro de 2025. A corrida se desenrola em meio à expectativa de que apenas o candidato que conseguir mais apoio se manterá na disputa.

Com as mudanças que cercam a sucessão de Lira, a política brasileira pode passar por um importante realinhamento, impactando a dinâmica legislativa e a governabilidade do país nos próximos anos.