As recentes indicações de Donald Trump para a liderança dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) têm causado alvoroço em todo o país. Um dos nomes mais mencionados para a posição é Robert Kennedy Jr., um conhecido crítico das vacinas, o que levanta sérias questões sobre o futuro da saúde pública nos Estados Unidos. O NIH, que possui um orçamento robusto de US$ 47 bilhões (aproximadamente R$ 267,52 bilhões), é a instituição de saúde mais financiada do mundo e é responsável por cerca de metade do investimento federal em ciência básica.

Trump, em suas nomeações, já escolheu a veterana Susie Wiles como chefe de gabinete, enquanto observa a economia como uma prioridade em sua missão de retornar à Casa Branca.

Kennedy, que inicialmente se afastou da corrida presidencial para apoiar Trump, foi elogiado pelo ex-presidente por sua audácia em assuntos relacionados à saúde, medicina e políticas alimentares. Durante seu discurso de vitória, Trump afirmou que Kennedy 'vai ajudar a tornar a América saudável novamente' e que confia em suas ideias para reformar o sistema de saúde.

Entretanto, as ideias de Kennedy não são isentas de polêmicas. Ele propôs eliminar a obrigação de flúor na água potável, um elemento amplamente reconhecido por sua eficácia na prevenção de cáries, algo que a comunidade médica considera um retrocesso. Além disso, o antigo candidato presidencial sugeriu uma moratória de oito anos no financiamento de pesquisas sobre doenças infecciosas, redirecionando esses recursos para doenças crônicas, como câncer e problemas cardíacos, uma proposta que preocupa especialistas em saúde.

Kennedy está também envolvido na configuração das agências de saúde e já expressou sua intenção de modificar a política de imunização, colocando em risco possíveis avanços na saúde pública. Ele defende a eliminação de taxas impostas a laboratórios que financiam a FDA, órgão responsável por garantir a segurança alimentar e de medicamentos, e quer avaliar as vacinas ele mesmo, sem formação médica adequada.

Além de suas propostas controversas sobre vacinas, Kennedy sugeriu relaxar as regulamentações sobre leite cru e remover restrições a alimentos ultraprocessados e aditivos. O cenário se torna ainda mais desafiador, pois Trump já indicou que pretende bloquear o financiamento federal para procedimentos de afirmação de gênero e impedir esses cuidados para menores.

Com o apoio de uma maioria republicana no Senado, as propostas de Trump e Kennedy podem avançar, o que coloca em risco tanto os padrões de pesquisa quanto as regulações de saúde pública nos EUA. Especialistas já alertam para os 'riscos enormes' que a nomeação de Kennedy pode representar para a ciência e a saúde, considerando sua falta de qualificações no campo biomédico. A próxima administração de Trump pode transformar radicalmente a paisagem da saúde e da ciência no país, e o mundo observa atentamente o desenrolar dessa situação.