Nos últimos dias, uma intensa cobertura da mídia alimentou discussões e especulações sobre a possibilidade de um ciclone bomba se formar perto do Sul do Brasil. Entretanto, a MetSul Meteorologia já havia alertado que essa possibilidade era bastante remota, e o ciclone foi descartado ao longo do último fim de semana.

Então, está existindo um ciclone bomba no Sul do Brasil? A resposta é não. A situação está em linha com as previsões feitas pela MetSul, que previamente indicava a ausência de ciclones próximos a essa região hoje. As imagens de satélite e as análises meteorológicas confirmam que não há qualquer ciclone atuando nas proximidades do Sul do país neste momento.

No entanto, existe um ciclone no Atlântico Sul, mas ele está a uma distância considerável do Sul do Brasil. Na manhã de hoje, a imagem satelital mostrou que o ciclone mais próximo do Brasil está a aproximadamente três mil quilômetros a sudeste do Rio Grande do Sul, localizado sobre o extremo sul do Atlântico e quase no Oceano Antártico.

Esse ciclone, com uma pressão central de 995 hPa, estava na latitude 50°S e na longitude 39°W, o que o coloca em uma região semelhante à das Ilhas Malvinas, agindo quase na área polar e portanto, extremamente distante do território brasileiro. Essa depressão é o que está representado pela letra B nas análises metrológicas da MetSul.

O ciclone próximo à Antártida está gerando uma frente fria abrangente que já impacta o Sul do Brasil, especialmente entre os estados de Santa Catarina e Paraná. O ar frio resultante desse ciclone foi responsável pelas baixas temperaturas registradas no Rio Grande do Sul desde ontem.

Os ciclones extratropicais são fenômenos comuns e esperados em nosso clima, podendo ocorrer em qualquer época do ano. Contudo, sua incidência é mais forte durante o outono, inverno e início da primavera, especialmente quando há avanço de ar frio. Notavelmente, os ciclones mais intensos em novembro geralmente se concentram em latitudes altas, próximas à Antártida.

Por outro lado, ciclones bomba, como os que ocorreram no episódio catastrófico de 2020 perto do Uruguai e do Sul do Brasil, são bem menos sábios. Este tipo específico de ciclone, que é caracterizado por uma diminuição de pelo menos 24 hPa em 24 horas, geralmente forma-se mais ao sul do Atlântico, em latitudes mais elevadas, e a uma grande distância da costa brasileira. Constatamos que ciclones bomba raramente se formam nas proximidades do Brasil fora do inverno, o que reforça a importância de acompanhar previsões meteorológicas atualizadas para se manter informado sobre essas movimentações.