Petrobras e a Polêmica da Margem Equatorial: "Limites para Todos"
2024-11-05
Autor: Ana
Na última terça-feira (5 de novembro de 2024), a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a estatal atenderá ao pedido do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) por mais informações a respeito do licenciamento ambiental para a exploração de petróleo na Margem Equatorial, uma região estratégica e ainda pouco explorada, localizada próxima à Foz do Amazonas.
Em declarações feitas à CNN Money, Chambriard enfatizou a necessidade de um equilíbrio nas operações. "Nós não podemos fazer tudo, mas também não podemos ser limitados injustamente. O Ibama e os órgãos estaduais têm o dever de nos orientar sobre os limites do que é permitido", destacou.
A polêmica teve início após o Ibama rejeitar, no dia 29 de outubro, um novo pedido da Petrobras para explorar a Foz do Amazonas. O projeto envolve a perfuração de um poço a 2.880 metros de profundidade, a cerca de 170 km da costa do Amapá. Para que o processo tenha seguimento, a empresa terá que fornecer novas informações ao órgão ambiental.
Chambriard também expressou preocupação com a morosidade do processo, afirmando que "não podemos aguardar por uma década para que decisões sejam tomadas".
O que é a Margem Equatorial?
A Margem Equatorial representa uma das últimas grandes fronteiras petrolíferas não exploradas no Brasil, estendendo-se desde a Guiana até o Rio Grande do Norte. É chamada assim por estar situada próxima à Linha do Equador e abriga cinco bacias sedimentares que somam 42 blocos para exploração: Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar.
Atualmente, a Petrobras está em busca de licenciamento para realizar pesquisas nesta região promissora. Vale ressaltar que a área do poço em questão não se localiza na foz do rio Amazonas, mas sim a 500 km dela, a mais de 170 km da costa do Amapá.
Potencial Energético e Desafios
Estudos internos da Petrobras sugerem que a bacia da Foz do Amazonas pode conter cerca de 5,6 bilhões de barris de petróleo, o que representaria um aumento de 37% nas reservas nacionais, atualmente avaliadas em 14,8 bilhões de barris. Em contrapartida, a Guiana já revelou reservas equivalentes a 75% das do Brasil na mesma região.
As reservas na Margem Equatorial são vistas como a principal aposta da Petrobras para garantir a produção de petróleo no futuro, especialmente a partir de 2030, quando se previsivelmente ocorrerá um declínio na produção do pré-sal. Esse novo campo de exploração é considerado crucial para a segurança energética do Brasil durante a transição para energias mais sustentáveis, uma vez que as projeções globais indicam que o mundo continuará dependente do petróleo até 2050.
Entretanto, o licenciamento ambiental negado inclui provas pré-operacionais que testariam a capacidade da Petrobras de responder a um potencial vazamento. O sucesso neste empreendimento pode impactar diretamente a estabilidade econômica e energética do Brasil nos próximos anos.