A Lilium, conhecida por suas inovações no transporte aéreo urbano e parceira da companhia aérea brasileira Azul, corre um sério risco de falência após a negativa do comitê de orçamento do parlamento alemão para um empréstimo de 50 milhões de euros solicitado à KfW, o banco de desenvolvimento estatal da Alemanha. Isso significou um duro golpe para a empresa, que já havia anunciado que contava com capital privado para complementar esse investimento; mesmo assim, a crise se instalou.

O governo da Baviera não conseguiu apoiar financeiramente a Lilium, forçando a empresa a buscar proteção contra falência, um processo similar à recuperação judicial no Brasil. Em 2021, a Lilium havia aberto capital e suas ações chegaram a valer US$ 15,07, mas a recente turbulência financeira fez com que o valor despencasse para apenas US$ 0,10.

Esse revés se deve, em larga parte, às especificidades do projeto da Lilium, que apresenta desafios significativos e prazos difíceis de cumprir em comparação com concorrentes no setor. A Nasdaq anunciou que deve suspender a negociação das ações da empresa no início de novembro, indicando um clima de incerteza nos mercados.

Apesar dos desafios, a Lilium está em negociações com o governo francês para um empréstimo de 219 milhões de euros. Os recursos seriam destinados à construção de uma fábrica de baterias e uma linha de montagem no sul da França, o que poderia reiniciar sua trajetória de recuperação.

Quem é a Lilium?

Fundada em 2015, a Lilium surgiu com o ambicioso objetivo de transformar o transporte aéreo urbano em uma realidade acessível. Com mais de mil funcionários de diversas nacionalidades, a companhia conta com um time robusto de engenheiros, incluindo muitos ex-colaboradores da Embraer.

O investidor e fundador da Azul, David Neeleman, faz parte do conselho da Lilium desde 2021, e a empresa já atraiu mais de US$ 1 bilhão em investimentos de gigantes do setor, como Tencent e Honeywell, mostrando um grande potencial no mercado.

Um Olhar Sobre o Futuro

O projeto Lilium recebeu uma nota de 7 no índice de mobilidade aérea avançada da consultoria SMG, colocando-a em 12º lugar no ranking, à frente de várias startups, mas atrás de competidores estabelecidos. No momento, o cenário competitivo é desafiador, com concorrentes como a Volocopter e EHang mostrando resultados mais sólidos.

A Azul, por sua vez, tinha grandes planos de operar uma rede de eVTOLs no Brasil, com um investimento total que poderia chegar a US$ 1 bilhão. A empresa está monitorando de perto a situação da Lilium, uma vez que essa parceria poderia potencialmente transformar o transporte aéreo no Brasil.

Com a situação delicada da Lilium, o futuro do transporte aéreo urbano no Brasil e na Europa pode estar em jogo. Resta ver se a companhia conseguirá desviar das tempestades financeiras e concretizar suas promessas inovadoras.