Nação

PEC que extingue a escala 6x1 pode ser desastrosa para trabalhadores, alerta Campos Neto

2024-11-14

Autor: Fernanda

Durante o 12º Fórum Liberdade e Democracia, realizado em Vitória pelo Instituto Líderes do Amanhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teceu duras críticas à proposta de emenda constitucional (PEC) que visa acabar com a escala de trabalho 6x1, uma estrutura de jornada de trabalho comum em diversas áreas. Segundo Campos Neto, a medida é "bastante prejudicial ao trabalhador" e trará consequências negativas significativas, como o aumento do custo do trabalho, a ampliação da informalidade e a redução da produtividade da economia brasileira.

"Aumentar a carga sobre os empregadores não resulta em uma melhoria real dos direitos trabalhistas. É uma ilusão que pode parecer benéfica no curto prazo, mas se revela problemática no médio e longo prazos", afirmou o presidente do BC, ressaltando que reformas trabalhistas implementadas durante o governo de Michel Temer ajudaram a flexibilizar o mercado de trabalho, melhorando suas condições gerais.

Campos Neto também destacou o erro frequente dos economistas ao projetarem a taxa de desemprego, que tem se mostrado mais resiliente e em níveis mais baixos do que o previsto, além de enfatizar a força da economia brasileira nas últimas avaliações.

No entanto, ele também chamou a atenção para um problema global: a produtividade, com exceção dos Estados Unidos, não tem crescido, o que agrava o endividamento global que já havia sido intensificado pela pandemia de covid-19. "O alto nível de dívidas nos países afeta a liquidez do sistema financeiro global e limita a eficácia dos programas de transferência de renda, que atualmente estão maiores devido à crise econômica enfrentada por muitos países", afirmou.

Ele alertou que essa dinâmica pode comprometer a capacidade dos países mais pobres e das empresas com baixo rating de dívida de gerenciar suas obrigações financeiras no futuro. Portanto, a mudança na escala trabalhista proposta pode não só ferir diretamente os empregados, mas também criar um efeito dominó que devastará a economia em várias frentes.

A discussão sobre esta PEC levanta um debate crucial sobre o futuro do trabalho no Brasil e os reais impactos nas vidas dos trabalhadores. O cenário político e econômico se tornará ainda mais desafiador se essa proposta avançar sem uma análise cuidadosa das suas implicações.