O papa Francisco, durante uma sua visita à Bélgica, fez declarações contundentes sobre os escândalos de abuso sexual de menores dentro da Igreja Católica. Em um discurso para representantes do governo e da sociedade civil, ele destaca a necessidade de a Igreja reconhecer a vergonha e buscar o perdão por esse "flagelo".

"A Igreja deve ter vergonha e pedir perdão. Precisamos lidar com essa situação com humildade cristã e fazer todo o possível para que isso não volte a acontecer. O relato de abusos de menores é um problema sério que a Igreja está combatendo com determinação. Estamos escutando e acompanhando aqueles que foram feridos, além de implementar um programa global de prevenção para evitar novas tragédias", afirmou o pontífice.

Recentemente, a Igreja belga esteve envolvida em um grande escândalo que não apenas abrangeu abusos sexuais, mas também referiu-se a adoções forçadas de crianças. Estima-se que cerca de 30 mil crianças tenham sido separadas de suas mães entre 1945 e a década de 1980, segundo dados divulgados pelo site HLN. Esses episódios somam-se a um quadro de desamparo e dor que ainda afeta muitos.

"É com tristeza que olho para o fenômeno das 'adoções forçadas', que ocorreram na Bélgica entre as décadas de 50 e 70. Mães solteiras foram muitas vezes levadas a acreditar que a adoção seria a melhor solução para o estigma que enfrentavam", lamentou o papa.

As declarações de Francisco surgem em um momento em que o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, exigiu ações concretas da Igreja, afirmando que as vítimas devem ser ouvidas e que é necessário reconhecer os delitos cometidos. "Hoje, palavras sozinhas não são suficientes. As vítimas precisam estar no centro das discussões e os encobrimentos não podem ser aceitos", enfatizou.

O rei da Bélgica, Philippe, também ressaltou a necessidade de comprometimento da Igreja em ajudar as vítimas a se curarem.

É importante lembrar que, em 2010, o bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, foi autorizado a renunciar sem punição após admitir abusos sexuais que ocorreram por 13 anos. Somente no início de 2023, o papa Francisco tomou a decisão de destituí-lo, tentando sanar a indignação nas mentes dos belgas antes de sua visita.

As palavras e ações do papa Francisco marcam um momento crucial em que a Igreja Católica é desafiada a enfrentar seu passado sombrio e garantir que os erros não se repitam. A sociedade aguarda por mudanças significativas e um verdadeiro compromisso com a justiça e a cura.