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ONGs Denunciam 'Genocídio' e 'Limpeza Étnica' em Gaza; EUA Rebatem Críticas

2024-12-19

Autor: Julia

Na última quinta-feira, as ONGs Human Rights Watch (HRW) e Médicos Sem Fronteiras (MSF) se uniram em um forte protesto contra as ações de Israel na guerra em Gaza. Ambas as organizações acusam o país de cometer "atos de genocídio" e realizar uma "limpeza étnica", reivindicações que o governo israelense classificou como "mentiras".

Recentemente, a Anistia Internacional também apontou que Israel estaria cometendo genocídio contra os palestinos na região, aumentando a pressão sobre a comunidade internacional para que tome medidas efetivas.

De acordo com a HRW, as autoridades israelenses estão criando deliberadamente condições de vida insuportáveis para a população de Gaza, sem acesso adequado a água, alimentação e serviços básicos, o que levou a um número alarmante de mortes. "As ações do governo israelense configuram um crime contra a humanidade e podem ser vistas como genocídio", declara a organização em seu relatório.

Desde que a guerra começou, após o ataque do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro de 2023, Israel tem sido frequentemente acusado de genocídio contra os palestinos, não apenas por ONGs, mas também por diversos estados que já buscaram levar a questão para a justiça internacional.

Em um informe contundente, a MSF evidenciou a destruição de infraestrutura essencial e a obstrução de ajuda humanitária, documentando 41 ataques diretos contra sua equipe, incluindo bombardeios a centros de saúde e ataques a comboios humanitários. Essa situação dramática se agrava diariamente, com a escassez de recursos e o cerco imposto por Israel, reduzindo drasticamente o auxílio ao território.

O governo de Israel respondeu às alegações, negando as acusações e afirmando que seus ataques são direcionados a alvos terroristas. Um porta-voz da diplomacia israelense descreveu as alegações da MSF como "totalmente falaciosas e enganosas".

Os Estados Unidos, que estão historicamente alinhados com Israel, também manifestaram suas discordâncias sobre as alegações de genocídio. O porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, afirmou que, embora haja uma terrível crise humanitária em Gaza, o padrão legal para classificar as ações como genocídio é extremamente elevado. Ele ainda destacou a importância do trabalho das ONGs nesta crise.

A HRW sublinha que limitar o acesso da população de Gaza à água é um indicativo de uma intenção de "extermínio", embora não atribua diretamente a intenção genocida a Israel, uma vez que essa acusação requer evidências mais concretas. No entanto, o relatório sugere que as atitudes e declarações de autoridades israelenses podem sugerir uma intenção de exterminar a população palestina.

O ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, havia declarado um "cerco completo" a Gaza, assegurando que não haveria eletricidade, comida ou água para a população. Com a infraestrutura local devastada e o fornecimento de água em colapso, especialistas de saúde em Gaza relatam que a falta de água potável está provocando doenças fatais, especialmente entre crianças pequenas.

Imagens de satélite mostraram também a destruição de reservatórios de água e outras infraestruturas essenciais, com acusação de Israel de dificultar a entrada de materiais que poderiam ser utilizados para reparos.

Diante de tal cenário, a HRW pede urgentemente que Israel "garanta a disponibilização imediata" de água, eletricidade e combustíveis na Faixa de Gaza, além de um apelo à comunidade internacional para que atue rapidamente para impedir o que poderia ser um genocídio em andamento.

Até o momento, o conflito já resultou em 1.208 mortes do lado israelense, enquanto, segundo dados do governo do Hamas, a retaliação israelense causou mais de 45 mil mortes em Gaza, um número que foi confirmado por organismos da ONU.