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O Que Impede as Potências do Mundo de Pôr Fim à Guerra no Oriente Médio?

2024-09-29

A guerra no Oriente Médio, que perdura há quase um ano, revela a impotência das grandes potências em intervir de forma eficaz nos conflitos, destacando um cenário global marcado por uma autoridade descentralizada que se mostra cada vez mais resistente a mudanças.

As tentativas de mediação, lideradas pelos Estados Unidos, entre Israel e Hamas para interromper os combates na Faixa de Gaza têm sido frequentemente anunciadas como promissoras, mas invariavelmente entram em colapso. A recente tragédia da morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, lança uma nova incerteza sobre o futuro da região, onde o medo de uma guerra total entre Israel e Hezbollah paira no ar.

Richard Haass, do Council on Foreign Relations, ressalta que "as forças centrífugas se tornaram mais fortes que as centralizadoras" e que o Oriente Médio é um claro exemplo dessa fragmentação perigosa. A morte de Nasrallah, uma figura chave que sustentava o Hezbollah por mais de 30 anos, deixa um vazio crítico. O Irã, principal aliado do Hezbollah, poderá enfrentar instabilidade interna, visto que sua influência na região diminui.

Os Estados Unidos, que no passado exerceram um papel vital na mediação entre Israel e seus vizinhos, agora vêem sua influência sobre o Irã e seus associados — classificados como terroristas — em declínio. A ajuda militar norte-americana a Israel, que alcançou um pacote de 15 bilhões de dólares neste ano, não parece suficiente para frear a escalada da violência, que resultou na morte de dezenas de milhares de palestinos, muitos deles civis.

Além disso, a postura da comunidade internacional varia. Enquanto a China adota uma postura de espectadora, aguardando que a desordem beneficie seus interesses econômicos, a Rússia se encontra focada em sua própria guerra na Ucrânia, vendo a instabilidade no Oriente Médio como uma oportunidade para desestabilizar a influência americana.

No cenário regional, países como o Egito e a Arábia Saudita hesitam em agir de forma decisiva. O Egito teme uma onda de refugiados, enquanto a Arábia Saudita busca um estado palestino, mas não está disposta a sacrificar vidas de seus cidadãos por esta causa. O Catar, que há anos financia o Hamas, viu sua estratégia se complicar após o ataque devastador de 7 de outubro, que resultou em um aumento significativo das tensões.

Com as grandes potências incapazes de fornecer uma solução eficaz, a situação parece estagnar. As palavras dos líderes mundiais na Assembleia Geral da ONU ressoam em um vácuo, sem a capacidade de concretizar qualquer mudança significativa. A possibilidade de um cessar-fogo ou um acordo de paz parece distante, com a maioria dos estados optando por adotar uma linha passiva. O que era uma esperança de reconciliação agora se transforma em uma espiral de mais derramamento de sangue.

O ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, por sua vez, não demonstra urgência em normalizar relações com a Arábia Saudita, já que isso exigiria compromissos que minariam sua própria agenda política. Ele continua a priorizar seus interesses pessoais e a permanência no poder, ignorando o custo humano do conflito.

Por outro lado, Yahya Sinwar, líder do Hamas, parece consolidar seu poder à custa de vidas palestinas, enquanto a opinião pública mundial se torna cada vez mais crítica em relação a Israel. O ciclo de violência e as crises humanitárias no Oriente Médio refletem não apenas a fragmentação política, mas um profundo fracasso em proporcionar soluções duradouras.

Enquanto o mundo observa, o que se faz evidente é que, sem uma resposta internacional coordenada e decisiva, a guerra entre Israel e Hamas pode continuar a se agravar, colocando em risco não só a estabilidade da região, mas também a paz global.