O Impacto Irreversível da Identidade Digital Apadrinhada pelo 'Pai do ChatGPT' Que Foi Proibida na Europa
2025-01-21
Autor: Gabriel
A tecnologia de identidade digital implantada pela rede World, que oferece cerca de R$ 700 por um ano de adesão, se tornou polêmica após uma decisão de proibição na Europa. O projeto, idealizado por Sam Altman, o CEO da OpenAI, já atraiu mais de 400 mil brasileiros que aceitaram escanear suas íris em troca de pagamentos em criptomoedas. Porém, o processo é irreversível, deixando muitos preocupados com a segurança de seus dados pessoais.
Esta iniciativa, gerida pela empresa Tools for Humanity (TfH), transforma a biometria ocular em um número único que é armazenado em um sistema de blockchain, garantindo que é quase impossível deletar qualquer informação uma vez registrada. Essa característica gerou um grande debate sobre a privacidade, pois viola direitos fundamentais previstos na lei de proteção de dados da Europa e também na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) brasileira.
Em 19 de dezembro, autoridades europeias, após 20 meses de análise, decidiram banir essa tecnologia, considerando que a impossibilidade de revogar consentimento contraria as diretrizes de privacidade. Cada país europeu tem o direito de proibir a operação da rede World em seu território, e já há uma proibição efetiva em locais como Portugal e Espanha.
Enquanto isso, no Brasil, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) está ainda em fase de investigação da rede desde novembro. Embora a TfH defenda que a tecnologia criptografa e anonimiza todos os dados através de um método avançado, especialistas em segurança permanecem céticos. O professor Marcos Barreto, da Escola Politécnica da USP, alerta que a criptografia nunca é completamente infalível, especialmente em um mundo de rápida evolução tecnológica, como a computação quântica.
Os dados biométricos são considerados especialmente sensíveis devido à sua natureza única e permanente, que não pode ser alterada da mesma maneira que senhas tradicionais. A TfH argumenta que a coleta de íris é segura e que é feita de forma a preservar a privacidade do usuário. Eles afirmam ainda que os dados ficam armazenados no celular do usuário, junto com uma chave criptográfica individual, mas essa afirmação é contestada por especialistas que destacam que a empresa pode acessar essas informações se o aplicativo estiver instalado e com as permissões apropriadas.
Para aqueles que ainda estão reticentes em manter o aplicativo, levanta-se a questão sobre o futuro do projeto, especialmente agora que muitos usuários esperam que o valor do ativo digital gere um retorno financeiro. Apesar de mais de 1 milhão de brasileiros terem baixado o aplicativo, cerca de 600 mil ainda não se registraram. As preocupações sobre segurança e privacidade parecem não ser suficientes para deter a inovação em troca da promessa de recompensas monetárias.
Muitos especialistas alertam sobre a possibilidade de a identidade digital se tornar um serviço essencial, mas ressaltam que a coleta ampla de dados pessoais será um desafio a ser enfrentado. A decisão de autorizar ou não a TfH a operar em novas regiões ainda está em aberto, à medida que a empresa tenta garantir que a coleta de dados respeite as normas de privacidade. Enquanto isso, questões sobre consentimento e dados de menores continuam sem resposta clara, já que o tratamento dessas informações exige critérios adicionais importantes que ainda devem ser abordados de forma mais transparente.
Neste desdobramento, fica evidente que a luta entre inovação e privacidade é cada vez mais acirrada, e o impacto desta tecnologia poderá reverberar na sociedade, levantando questões cruciais sobre a segurança dos dados pessoais em um mundo cada vez mais digital.