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Netanyahu declara: 'Estamos vencendo' e provoca protestos na ONU

2024-09-27

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez um discurso polêmico na Assembleia Geral da ONU, no dia 27 de setembro de 2024. Durante sua apresentação, ele mostrou um mapa do Irã e de seus aliados, destacando a mensagem "a maldição". Isso ocorreu em um momento em que Israel está em conflito ativo na Faixa de Gaza e no Líbano.

Isolado e sob intenso escrutínio internacional, Netanyahu afirmou: "Não há nenhum lugar no Irã que Israel não possa alcançar", num tom desafiador. Este discurso era um dos mais aguardados do evento que reúne líderes de 193 países, mas ao ser anunciado, dezenas de delegações se levantaram e deixaram o plenário em protesto, demonstrando a polarização crescente em torno do tema.

O premier israelense expressou seu desejo de uma "reconciliação histórica entre árabes e judeus", enquanto simultaneamente indicou que os bombardeios em território libanês continuariam. Ele afirmou que Israel não poderia se deter enquanto o Hezbollah persistisse em suas agressões: "O Hezbollah tem nos atacado de maneira impiedosa há 20 anos".

Os ataques aéreos israelenses contra o Líbano, que começaram há uma semana, já resultaram em mais de 700 mortes, segundo registros recentes. O governo de Israel considera o Hezbollah um grupo terrorista financiado pelo Irã e que visa destruir o estado judeu.

A delegação iraniana abandonou a sala antes do discurso, enquanto Netanyahu denunciava o regime de Teerã por estar, segundo suas palavras, bombardeando diretamente Israel pela primeira vez com mísseis lançados de seu território.

Em um discurso emocional, Netanyahu ressaltou que, em quase um ano de conflito na Faixa de Gaza, Israel teria "eliminado ou capturado mais da metade dos 40.000 soldados do Hamas". Ele fez um apelo à rendição do Hamas, acusando o grupo de perpetuar a tragédia humanitária na região. "Não queremos ver uma só pessoa inocente morrer. Isso é sempre uma tragédia".

Em um tom reflexivo, ele citou passagens da Bíblia, esperando que a história correspondesse às suas promessas: "A alternativa de Israel não falhará". Ele comparou a atual situação a escolhas históricas feitas pelo povo de Israel ao longo dos séculos, enfatizando que seu país estava lutando por sua sobrevivência.

O impacto dos conflitos tem sido devastador. Na cidade de Shebaa, em Líbano, uma semana de bombardeios resultou na morte de nove pessoas de uma mesma família, incluindo quatro crianças. Além disso, o aumento da violência provocou um êxodo maciço, com mais de 30 mil libaneses fugindo para a Síria em apenas três dias, segundo a ACNUR, que alertou sobre a crise humanitária crescente.

O Brasil, que possui a maior comunidade de cidadãos brasileiros no Oriente Médio, está avaliando um plano de repatriação para os cerca de 21 mil brasileiros residindo no Líbano. O Itamaraty está em contato com brasileiros que desejam voltar ao país.

Até o momento, os esforços de cessar-fogo propostos por países como Estados Unidos e Reino Unido foram rejeitados por Netanyahu, que afirmou que as hostilidades terminarão apenas quando a segurança de Israel estiver garantida.

As tensões continuam a aumentar, com novos relatos de bombardeios israelenses que resultaram na morte de soldados sírios na fronteira, elevando ainda mais a necessidade de uma resolução pacífica para um conflito que já levou milhares de vidas.