
Nassif: Controladores das Americanas Escapam do Golpe do Século!
2025-04-02
Autor: Carolina
O inquérito a respeito do escândalo das Americanas é um dos maiores casos de fraudes corporativas que o Brasil já presenciou.
A intervenção na empresa foi conduzida por escritórios de advocacia que têm grande influência no mercado carioca e estão relacionados a importantes magistrados.
Era amplamente conhecido que os executivos das Americanas nunca tomavam decisões sem antes consultar Beto Sicupira, um dos sócios e controlador da empresa.
O epicentro do escândalo envolvia o que ficou conhecido como "risco sacado". Nesta operação, um vendedor se dirige a um banco e saca um montante correspondente ao valor da venda das Americanas. O vendedor, portanto, assume a responsabilidade de quitar o financiamento com o banco, que na prática ficava com os recebíveis das Americanas. Assim, a empresa tornava-se responsável pela dívida contratada pelo fornecedor.
O esquema criminoso consistia em inflar essas contas e criar contratos falsos para justificar os recebimentos antecipados. As Americanas não declaravam essa dívida nos balanços, o que resultava em lucros e dividendos inflacionados.
Os principais suspeitos alegam que a diretoria ocultou informações cruciais sobre o golpe dos controladores, do Conselho de Administração e das empresas de auditoria. Eles afirmam que tinham acesso às mesmas informações que os demais acionistas.
No entanto, esse álibi foi refutado antes mesmo da fraude ser descoberta, especialmente em uma teleconferência das Lojas Americanas para apresentar os resultados de 2016, onde um analista de mercado notou discrepâncias nas contas da empresa. Se um analista conseguiu identificar o problema, como os experientes controladores poderiam não perceber?
Recentemente, ex-executivos da empresa alegaram que bancos comerciais não informaram o Banco Central sobre as operações de risco sacado, mas está claro que essas informações não poderiam ter sido escondidas. Essa estratégia parece ter como objetivo desviar responsabilidades dos controladores e comprometer a credibilidade dos bancos envolvidos na operação.
A 3G, grupo controlador das Americanas, mantém seu poder de influência através de grandes verbas publicitárias da Ambev e suas relações com os tribunais.
O golpe vem sendo preparado meticulosamente desde 2023, começando com uma fusão entre as Lojas Americanas e a Americanas S/A. Durante esse processo, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, também da 3G, pediram demissão do Conselho de Administração, enquanto apenas Beto Sicupira se tornou "acionista de referência".
Na mesma época, obtiveram uma liminar do juiz Paulo Estefan, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, bloqueando quaisquer pagamentos antecipados aos credores e impondo ao BTG Pactual a devolução de R$ 1,2 bilhão já recuperados. Estefan estava sob investigação do TJRJ após a descoberta de que seu filho era sócio da esposa de um dos administradores judiciais envolvidos.
Com relação à jurisdição, o contrato estabelecia que as disputas deveriam ser resolvidas em São Paulo, mas o juiz aceitou a solicitação de forma favorável ao escritório de advocacia de Sérgio Zveiter. Essa família possui uma grande influência nos tribunais fluminenses e na indústria de recuperação judicial do Rio de Janeiro.
Em meados de 2022, a 3G trouxe o executivo Sérgio Rial para liderar a empresa. No entanto, ele demorou todo o segundo semestre para assumir efetivamente e afirmou que somente no início de 2023 descobriu a extensão do golpe que estava em andamento. Depois de sua rápida passagem, pediu demissão e começou a trabalhar na defesa dos sócios da 3G.
A repercussão desse caso chocou o mercado financeiro brasileiro, levantando questões preocupantes sobre a governança corporativa e a necessidade de maior transparência nas empresas. Esse episódio nos lembra que, mesmo as gigantes do mercado, como as Americanas, podem estar sujeitas a fraudes e manipulações. O que mais será revelado sobre esse escândalo e que consequências aguardam os responsáveis? O tempo dirá!