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"Na próxima encarnação, quero o ego de um homem branco", afirma presidente da Petrobras

2025-01-11

Autor: Carolina

Magda Chambriard: Uma líder inspiradora

Magda Chambriard, uma renomada engenheira com 57 anos, é um exemplo de superação e luta pela inclusão feminina em um setor predominantemente masculino. Com 45 anos de experiência na indústria de petróleo e gás, ela ocupa agora o cargo de presidente da Petrobras, desafiando estereótipos e barreiras de gênero.

Desafios enfrentados na trajetória profissional

Em uma entrevista reveladora, Magda compartilhou suas experiências com discriminação de gênero em sua trajetória profissional. "Tive situações onde colegas chegavam para mim e diziam: 'Magda, eu gosto muito de você, mas não consigo te obedecer porque você é mulher'. E eu respondia: esse problema não é meu, é seu. Você tem que lidar com isso", destacou.

A realidade da desigualdade de gênero na Petrobras

A desigualdade de gênero na Petrobras é um desafio imenso, com dados de 2023 revelando que apenas 17,1% da força de trabalho é composta por mulheres. Um número alarmante considerando o potencial que a diversidade traz ao ambiente corporativo. A luta de Magda pela representação feminina começou na Agência Nacional do Petróleo (ANP), onde conseguiu aumentar o número de mulheres em posições-chave. Agora, além de ter promovido mulheres nas áreas de Exploração e Produção, ela busca mais inclusão também no conselho de administração da Petrobras, que atualmente conta com apenas duas mulheres entre seus onze membros.

Reflexões sobre o preconceito e a liderança feminina

Durante a entrevista, Magda ressaltou as dificuldades enfrentadas por mulheres em ambientes conservadores. Sua experiência pessoal é um testemunho das barreiras enfrentadas. Ela relembra que suas referências sobre o mercado de trabalho foram marcadas por mensagens limitantes de autonomia: “Cresci ouvindo da minha mãe que, se tivesse que escolher entre perder o emprego ou o marido, era melhor perder o marido. Essa é uma mensagem muito forte.”

Superando preconceitos na ANP

Após sua nomeação para a ANP, Magda enfrentou preconceito e desconfiança. "Quando fui convidada, metade da equipe achava que eu tinha um relacionamento pessoal com o meu superior, porque a minha presença como mulher na posição deles não fazia sentido para eles", comentou. Apesar da resistência, ela provou seu valor, estabelecendo-se como uma líder respeitada que desafia estereótipos através de uma liderança eficaz e acessível.

Empoderamento feminino na Petrobras

"Quando assumi a Petrobras, tramitei um plano para compor minha equipe com um equilíbrio de gênero. Empoderar mulheres é essencial, pois a empresa sempre foi dominada por homens", afirmou.

Confrontando a resistência e buscando igualdade

No entanto, Magda também falou sobre as consequências de ser vista como uma ameaça por um ambiente de trabalho predominantemente masculino: "Quando eu deixei a ANP por conta das eleições, vi uma redução drástica na presença de mulheres e um aumento no número de homens na equipe. Isso me mostra o quão vulneráveis estamos na luta por igualdade. A mudança de governo também traz um viés que afeta nosso trabalho, mas continuei em frente, focando no que eu realmente quero realizar."

Reflexões finais sobre o ego masculino

Chambriard concluiu fazendo uma análise sobre o ego masculino no ambiente de trabalho: "Na próxima encarnação, quero o ego de um homem branco. Nunca vi um homem recusar uma promoção, mas várias mulheres se sentem incapazes de aceitar desafios. É crucial que as mulheres se lembrem de que são capazes e devem se permitir tentar, mesmo diante do medo."

RAIO-X de Magda Chambriard

Magda Chambriard, 57 anos, carioca, mestre em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ, e Engenheira Civil pela UFRJ. Dedicada à indústria de petróleo e gás desde 1980, está à frente da Petrobras desde junho de 2024.