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Direita em ascensão: O Impacto das Eleições de 2024 no Mapa Político Global

2025-01-12

Autor: Carolina

Com o horizonte das eleições de 2024 se aproximando, um novo mapa político revela que doze países se inclinaram à esquerda, enquanto dez membros do cenário internacional se moveram em direção à direita. Na França, por exemplo, a esquerda conseguiu uma conquista surpreendente, liderando uma coalizão vitoriosa que garantiu a maioria no parlamento. Já no Reino Unido, os Trabalhistas readquiriram a primazia política com a eleição de um primeiro-ministro pela primeira vez desde 2010, pondo fim ao domínio conservador. O Uruguai também viu a ascensão da esquerda com a vitória de Yamandú Orsi, aliado do ex-presidente Pepe Mujica, que derrotou o liberal Lacalle Pou.

Nos Estados Unidos, a reeleição de Donald Trump em 2024 após vencer Kamala Harris, marca um divisor de águas, segundo Vinícius Rodrigues Vieira, professor de Relações Internacionais. Ele enfatiza que essa vitória possui um peso significativo, pois indica uma insatisfação com os padrões democráticos liberais observados anteriormente.

"Se os Estados Unidos, frequentemente vistos como um exemplo de democracia liberal, optam por um candidato de direita, isso sugere uma crise mais ampla na democracia liberal global," afirma Vieira.

Mudanças de governo em diferentes nações têm sido vistas como um reflexo da maturidade democrática, de acordo com o cientista político Carlos Pereira. Ele observa que quando os cidadãos percebem que suas demandas não estão sendo atendidas, isso leva a uma busca por alternativas políticas, que frequentemente se opõem àqueles atualmente no poder.

As eleições de 2024 não foram marcadas apenas por mudanças. Em quarenta e um países, as correntes ideológicas permaneceram estáveis, refletindo no voto pela mesma ideologia que prevaleceu em pleitos anteriores.

Mas o que significa essa mudança ideológica global? A metodologia utilizada pelo UOL para compilar as informações foi abrangente, considerando não apenas eleições presidenciais, mas também legislativas, levando em conta a lógica que rege cada país. Essa análise gera uma compreensão mais clara do envolvimento político e ideológico que está em evolução ao redor do mundo.

Enquanto isso, o continente africano apresenta uma maioria de votos em favor de partidos e candidatos à esquerda. Dentre os 15 países africanos considerados, apenas três reelegeram partidos de centro-direita, demonstrando uma tendência crescente para alternativas mais progressistas em várias nações do continente.

Por outro lado, a Europa começou a testemunhar um crescimento significativo da extrema direita, com o Partido da Liberdade na Áustria sendo o mais notável entre os vitoriosos. Contudo, mesmo em países onde a direita não triunfou, como a França, o apoio da extrema direita está em ascensão, o que pode levantar questões sobre a sustentabilidade das democracias tradicionais.

E as novidades não param por aí: na América Latina, uma onda de esquerda forte continua com países como o México, dominado por Claudia Sheinbaum, e o reeleito Luis Abinader na República Dominicana, que se mantém no centro da política. Enquanto isso, a popularidade de líderes como Nicolás Maduro na Venezuela, reeleito em um pleito considerado fraudulento pela oposição, gera inquietações sobre a democracia na região.

O cenário global também coloca à prova democracias mais frágeis, como observado em países como Venezuela, Geórgia e Síria, onde processos eleitorais questionáveis resultam em incertezas e instabilidade. As próximas eleições em Belarus sob o governo de Alexander Lukashenko e na Síria, com a continuação do regime de Bashar al-Assad, indicam um futuro conturbado e a crescente influência de regimes autoritários.

Para o futuro, especialistas alertam que as tendências de extremismo podem continuar a crescer. Vinícius Rodrigues Vieira observa que, mais do que meros rótulos de esquerda ou direita, a verdadeira preocupação deve ser com a naturalização de discursos autoritários que afetam os direitos humanos e a liberdade de expressão.

Não se trata apenas de uma luta ideológica; o que está em jogo é a essência da democracia e a capacidade das instituições de resistir a pressões extremistas, que ameaçam minar as conquistas alcançadas nas últimas décadas. A resiliência das democracias, segundo Carlos Pereira, mostra que mesmo em face de uma ascensão regular de alternativas radicais, elas têm se provado robustas e capazes de se adaptar.