Recentes investigações jornalísticas trouxeram à tona detalhes alarmantes sobre empresas que podem ter fornecido dispositivos explosivos ao Hezbollah. Equipes de reportagem da emissora alemã Deutsche Welle (DW) visitaram endereços relacionados à BAC Consulting e à Norta Global, levantando suspeitas de que estas companhias europeias estariam ligadas ao fornecimento de eletrônicos adulterados para o grupo extremista.

Os pagers que explodiram no Líbano no dia 17 de outubro deixaram um rastro de destruição, resultando em mortes e centenas de feridos. Informações reveladas por fontes da imprensa americana indicam que Israel havia alertado os Estados Unidos sobre uma operação iminente contra o Hezbollah, embora oficialmente o governo israelense não tenha assumido a autoria do ataque.

Segundo o "The New York Times", a BAC Consulting foi identificada como uma empresa de fachada criada por Israel, supostamente para fornecer os pagers que agora estão no centro dessas explosões. O fabricante dos dispositivos, a taiwanesa Gold Apollo, confirmou que a BAC era licenciada para sua produção.

A sede da BAC Consulting em Budapeste é um sobrado compartilhado com cerca de 10 outras empresas, levando a crer que seu funcionamento pode ser meramente nominal. Moradores locais afirmam que não conhecem a BAC e raramente veem movimentação no imóvel. A única prova de que a empresa opera neste local é uma folha de papel com seu nome.

Um porta-voz do governo húngaro declarou que a BAC atua como uma intermediária comercial sem instalações de produção próprias e que os pagers nunca estiveram na Hungria. Curiosamente, registros indicam que a BAC parece estar envolvida em atividades diversificadas, desde a fabricação de dispositivos médicos até a extração de gás natural e petróleo.

A CEO da empresa, Cristiana Barsony-Arcidiacono, afirmou à NBC que trabalha com a Gold Apollo, mas negou envolvimento na fabricação de pagers. Recentemente, ela teria deixado seu apartamento em Budapeste, e desde então não responde à imprensa.

Investigações apontam que a Norta Global, uma empresa búlgaro que estava em contato direto com a BAC, pode ter desempenhado um papel mais ativo na distribuição dos pagers. Fontes afirmaram que as autoridades búlgaras não encontraram operações alfandegárias relacionadas a esses dispositivos. No entanto, ao visitar a sede registrada da Norta em Sofia, ninguém foi encontrado, e moradores da região relataram a presença apenas de um advogado no local.

A venda dos pagers pode ter sido facilitada pela Norta, e o fundador da empresa, atualmente na Noruega, recusou-se a comentar sobre o negócio quando abordado pela Reuters.

Dados do ataque mostram que durante uma hora ocorreram sucessivas explosões, resultando em mais de 2.700 feridos, com cerca de 400 em estado crítico. A Cruz Vermelha Libanesa mobilizou uma enorme quantidade de equipes de emergência para responder a essa catástrofe.

A situação se agrava, com o governo libanês solicitando que os cidadãos descartem imediatamente quaisquer pagers em sua posse. Há indicações de que os dispositivos continham cargas explosivas que poderiam ser acionadas remotamente, reforçando as preocupações sobre a segurança e os riscos associados a esses eletrônicos.

Esse incidente levanta questões sobre o papel de intermediários na cadeia de fornecimento de equipamentos militares e a necessidade de investigações internacionais mais abrangentes. O mundo observa atentamente enquanto detalhes emergem sobre esta rede complexa e potencialmente mortal.