O enigma das trágicas mortes de três mulheres após consumirem um bolo envenenado em Torres ainda está longe de ser solucionado. A Polícia Civil aguarda ansiosamente os resultados dos exames realizados pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), que analisam os ingredientes usados na receita do bolo e os produtos químicos encontrados nas residências das vítimas. Sem essas informações cruciais, ainda é difícil determinar se essas fatalidades foram provocadas intencionalmente ou se tratam de um acidente infeliz. Testes de sangue realizados nas vítimas revelaram a presença de arsênio, uma substância tóxica frequentemente associada a venenos encontrados em inseticidas.

As vítimas foram identificadas como as irmãs Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e a filha de Neuza, Tatiana Silva dos Anjos, de 43 anos. Hospitalizadas após o envenenamento, estão a mulher que fez o bolo, Zeli Terezinha Silva dos Anjos, de 61 anos, também irmã de Maida e Neuza, e um neto de Neuza, de apenas 10 anos. Eles apresentaram sintomas severos de vômito e diarreia.

O delegado Marcos Vinicius Veloso, encarregado da investigação, permanece cauteloso em suas declarações. Ele ressalta que, embora tenha certeza de que ocorreu um envenenamento, as circunstâncias — se foi casual ou deliberado — continuam a ser repletas de incertezas. O fato de a família ter sempre mantido boas relações torna menos provável a hipótese de um homicídio premeditado, especialmente porque Zeli, a confeiteira do bolo, também foi afetada e continua em estado crítico.

Adicionalmente, um detalhe perturbador veio à tona: o marido de Zeli, Paulo, faleceu em setembro passado, também devido a uma intoxicação alimentar, o que levanta mais questionamentos. A Polícia Civil solicitou a exumação do corpo dele para investigar a toxicidade que causou a sua morte, mantendo todas as possibilidades em aberto. Outra linha de investigação, embora considerada menos provável, é que alguém de fora da família tenha manipulado o bolo.

As autoridades conduziram buscas em seis locais ligados à família das vítimas e apreenderam diversos itens, incluindo produtos químicos e alimentos, como uvas passas e cristalizadas. Uma nova pista intrigante apareceu: um apagão em Arroio do Sal afetou a casa de Zeli, e os pesquisadores estão analisando se alimentos que estragaram e foram reaproveitados podem ter sido contaminados. Existem indícios de que o arsênio poderia ter sido potencializado a partir desses alimentos, já que alguns contêm esse composto químico em quantidades desprezíveis.

Em uma conversa informal com os investigadores no hospital, Zeli revelou que, assim que notou um gosto amargo no bolo, tomou a iniciativa de impedir que os familiares continuassem a comer. No entanto, a saúde dela se deteriorou nas últimas semanas, e ela permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O quebra-cabeças em torno desses eventos trágicos persiste e a investigação continua em andamento com novos desdobramentos emergindo a cada dia. Como esse mistério terminará? Os habitantes de Torres e o Brasil inteiro aguardam ansiosamente por respostas!