Glelany Cavalcante, a baiana de Feira de Santana que conquistou o título de Miss Universo Itália 2024 na quarta-feira (18), se deparou com uma onda de comentários xenofóbicos nas redes sociais. A vitória gerou reações negativas de telespectadores e até de outros participantes do concurso, que a criticaram por não a considerarem uma "verdadeira italiana".

Um dos comentários dizia: "Todas meninas lindas, ninguém desacredita... mas a Miss Universo Itália deve representar as meninas italianas. Vi pouco italiano no que diz respeito ao vencedor". Outro internauta completou: "O pior não é que ela é brasileira, mas sim que ela nem sabe falar italiano. É alguém que diz ‘quero representar a Itália’, quem sabe?".

A jovem, que imigrou para a Itália em 2015 com apenas 200 euros, já conquistou a cidadania e relembra suas origens familiares, pois seus bisavós paternos nasceram no país europeu. Para Glelany, os comentários xenofóbicos revelam uma profunda ignorância. Em uma emocionante declaração, ela destacou que sua participação no Miss Universo, que reúne talentos de todo o mundo, é uma chance de promover a pluralidade cultural e discutir a importância da imigração.

"Não me abalo e não respondo os comentários, porque são demonstrações de ignorância. Eles não dizem sobre mim, mas sim sobre as pessoas que escreveram. Isso será um ponto de força para discutirmos a necessidade de lutar contra a xenofobia", afirmou.

Glelany pretende servir como fonte de inspiração para meninas e mulheres que, assim como ela, deixaram seus países de origem e se sentem deslocadas. "Eu encontrei meu lugar, então elas também podem encontrar", disse.

Na final do concurso, Glelany desfilou com elegância, utilizando uma roupa de gala e uma fantasia que expressava sua cultura. Ela competiu com 21 candidatas e destacou-se nas entrevistas, usando uma camiseta com uma frase impactante da ativista feminista Audre Lorde: "Até que todos sejam livres, nenhum de nós o será, mesmo que as suas correntes sejam diferentes das minhas".

A vitória de Glelany não apenas celebra sua beleza, mas também marca um momento importante na luta contra a xenofobia e a favor da diversidade cultural no contexto italiano. Sua história é um lembrete de que cada pessoa tem o direito de sonhar e de ser reconhecida independentemente de sua origem.