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Mineradora saudita desmente investimento de R$ 8 bilhões no Brasil: O que realmente aconteceu?

2025-01-21

Autor: Mariana

A mineradora saudita Ma’aden se pronunciou oficialmente e negou o suposto investimento de R$ 8 bilhões no Brasil, anunciado na semana passada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante o Future Minerals Forum em Riad, na Arábia Saudita.

Alexandre Silveira, em resposta a uma pergunta de jornalistas, afirmou que a Ma’aden abriria um escritório em São Paulo, o que levantaria a expectativa de um investimento significativo no mapeamento geológico do Brasil. Ele destacou: "A Ma’aden, que é o braço operacional da Arábia Saudita no setor de mineração, vai se instalar em São Paulo com um escritório pela primeira vez. Como sócia do PIF, o grande fundo gerido pelo Príncipe Herdeiro, isso abre uma perspectiva de recursos muito vultosos; falaram em torno de R$ 8 bilhões para mapeamento geológico no Brasil".

O ministro enfatizou a necessidade urgente de exploração do subsolo brasileiro, apontando a importância da mineração na transição energética. "É essencial conhecermos mais do nosso solo, pois não há transição energética sem o aproveitamento mineral adequado".

Entretanto, fontes ligadas à Ma’aden afirmaram que o escritório em São Paulo servirá apenas para a negociação do fosfato, um mineral crucial na produção de fertilizantes, sem planos concretos para investimento nesse montante. Ao ser questionada sobre as notícias veiculadas por Silveira, uma fonte da mineradora excluiu qualquer iniciativa nesse sentido: "Não há nada vindo da gente".

O Ministério de Minas e Energia, após pressões, informou que Silveira apenas declarou a abertura do escritório da Ma’aden em São Paulo e que a expectativa de investimento viria da Arábia Saudita como um todo, não especificamente pela Ma’aden. Os detalhes sobre a alocação desses recursos e cronograma continuam indefinidos.

Vale ressaltar que, mesmo com a negativa da Ma’aden, a informação sobre o investimento foi inicialmente divulgada pelo próprio Ministério de Minas e Energia e chegou a ser publicada na página de notícias do governo até a manhã do dia 21. Após o contato com a imprensa, o ministério alterou seu comunicado.

A Ma’aden, fundada em 1997 e controlada pelo governo da Arábia Saudita, é uma das dez maiores mineradoras do mundo em valor de mercado. Desde sua abertura de capital, a empresa se diversificou, deixando de ser apenas uma produtora de ouro para incluir operações significativas em fosfato, alumínio, minerais industriais e cobre. A situação gera incertezas no setor mineral brasileiro, que por sua vez, aguarda estratégias de investimento que podem alterar o cenário econômico, especialmente em um momento de crescente necessidade por sustentabilidade e inovação na mineração.