Ciência

Crise Climática: Os Desafios Que Potencializam Outras Crises, Afirma Especialista

2025-01-22

Autor: Ana

O início de 2025 traz à luz eventos climáticos extremos no Brasil, como chuvas torrenciais no Sul e Centro-Oeste e estiagem severa no Nordeste. Estes fenômenos climáticos não apenas sinalizam a intensificação da mudança climática, mas também destacam como essa crise está exacerbando desigualdades sociais e impondo novos desafios ao mundo.

A urgência de enfrentar essa situação e a busca por soluções serão os tópicos centrais da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá neste ano no Brasil. A pesquisadora e colaboradora do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), compartilha sua perspectiva sobre a interconexão entre essas crises em uma entrevista exclusiva.

Bustamante alertou que a crise climática não é apenas um problema ambiental, mas um amplificador de crises sociais, econômicas e políticas. "A mudança climática agrava a desigualdade, a fome, os desafios relacionados à água, migrações forçadas e conflitos geopolíticos. Nossa sociedade foi construída em um período de relativa estabilidade climática, e agora estamos lidando com as consequências dessa nova realidade instável", disse a especialista.

Para atenuar essas instabilidades, Bustamante enfatiza a necessidade de abordar as causas do aquecimento global de maneira eficaz. A pesquisa sugere que uma transição energética séria e rápida, bem como mudanças nas políticas públicas, são essenciais. "É fundamental que o Brasil abandone sua dependência de combustíveis fósseis e invista em fontes de energia renováveis", destacou.

O Acordo de Paris, estabelecido em 2015, desempenha um papel crucial nesse contexto. "Não adianta o Brasil reduzir suas emissões se os outros países não fizerem o mesmo. Precisamos de um esforço conjunto e coordenado para realmente fazer a diferença", acrescentou Bustamante, sublinhando a importância de uma ação global para tratar do aquecimento global.

Durante a conversa, a pesquisadora também discutiu as adaptações necessárias nas áreas urbanas do Brasil, um assunto ainda mais relevante diante de desastres naturais recentes. "Devemos priorizar o planejamento urbano que leve em conta a segurança das populações e a prevenção de catástrofes. Essa é uma responsabilidade compartilhada entre governos e comunidades", afirmou.

A agricultura, um dos setores mais poluentes do país, também necessita de atenção. A conservação dos recursos naturais pode oferecer uma oportunidade para a mitigação e, ao mesmo tempo, aumentar o sequestro de carbono. "Precisamos ver a gestão ambiental não apenas como uma necessidade, mas como uma vantagem competitiva no século XXI", concluiu.

Finalmente, sobre o panorama global, Mercedes Bustamante salientou a importância da cooperação internacional. "A mudança climática é uma questão que afeta a todos. As decisões tomadas por grandes emissores, como os Estados Unidos, têm repercussões globais. Precisamos ser vigilantes, pois o momento demanda um comprometimento contínuo de todos os países para evitar crises ainda mais profundas no futuro. A luta contra a crise climática é uma luta por justiça social e pela sobrevivência do nosso planeta."