Militares de Ruanda invadem o Congo democrático: o conflito que pode mudar a região
2025-01-25
Autor: Julia
Introdução
Grandes contingentes de tropas de Ruanda invadiram a República Democrática do Congo (RDC) para apoiar a milícia M23 na tentativa de capturar Goma, a capital regional da província de Quivu do Norte, no leste do país. A informação foi publicada pelo The Guardian neste sábado (25).
A situação em Goma
Goma, atualmente sob cerco do M23, está situada na fronteira entre os dois países e possui cerca de 2 milhões de habitantes. A milícia M23, apoiada por Ruanda, busca o controle de áreas ricas em minerais e rotas comerciais essenciais, o que levanta questões sobre a segurança econômica e política da região.
Movimentação de tropas
De acordo com o jornal britânico, os principais comandantes das Forças de Defesa de Ruanda foram deslocados para a cidade ruandesa de Gisenyi, a menos de 1,5 km de Goma, como parte da estratégia militar. Nesta área, intensos combates entre as unidades avançadas do M23 e o exército congolês têm sido registrados nos últimos dias, levando a ONU a relatar que, desde o início de 2025, mais de 100 mil pessoas foram forçadas a abandonar suas casas devido à ofensiva do grupo armado.
Negação de envolvimento
Apesar das alegações do governo congolês, Ruanda nega qualquer envolvimento com o M23. Jurídica e politicamente tensa, a situação se agrava com o presidente ruandês, Paul Kagame, acusando a RDC de apoiar as Forças Democráticas pela Libertação de Ruanda (FDLR), um grupo armado que opera no território congolês. A FDLR, composta majoritariamente por extremistas hutus, inclui membros acusados de participar do genocídio de 1994 contra a população tutsi, a etnia de Kagame.
Esforços diplomáticos falhos
Enquanto isso, os esforços diplomáticos têm falhado. Em dezembro, o presidente de Angola, João Lourenço, tentou mediar um diálogo entre Félix Tshisekedi, presidente da RDC, e Paul Kagame para amenizar as tensões, mas as negociações não avançaram, aumentando os temores de uma escalada no conflito entre os dois países.
Implicações do conflito
Além das implicações humanitárias e diplomáticas, um relatório de especialistas da ONU enviado ao Conselho de Segurança em dezembro de 2024 revelou que Ruanda estaria se beneficiando da exploração ilegal de minerais, comercializados de forma fraudulenta a partir de territórios controlados pelo M23, fortalecendo as suspeitas do governo congolês. Acusações semelhantes recaem sobre a FDLR. Com o cenário atual, a estabilidade na região dos Grandes Lagos da África está em jogo, e o mundo observa com preocupação o desenrolar deste conflito.