A renomada microbiologista Natália Pasternak fez um contundente alerta nesta segunda-feira (6/1) sobre o potencial risco de uma nova pandemia, focando particularmente no vírus da gripe aviária, a cepa H5N1. Em seu artigo no blog A Hora da Ciência, do jornal O Globo, ela enfatiza que o H5N1 está circulando há mais de dois anos em aves migratórias e mamíferos marinhos, o que eleva as preocupações sobre possível contágio humano.

"A prevenção de epidemias e pandemias exige análises rigorosas de risco e probabilidade. Embora não tenhamos registrado casos de transmissão do H5N1 entre humanos, a alta circulação do vírus em gado, galinhas, gatos e aves migratórias torna a situação preocupante. O H5N1 se multiplicando em diversos reservatórios animais muito próximos de humanos é uma combinação que não podemos ignorar", alerta Natália.

Recentemente, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, declarou estado de emergência devido ao surto de H5N1 em rebanhos de gado leiteiro na região. Isso levou ao recolhimento de lotes de leite cru não pasteurizado de duas empresas, após a identificação do vírus, reforçando a necessidade de vigilância e controle.

A especialista destaca que, apesar da maioria dos casos de H5N1 em humanos ter sido leve, houve episódios graves nos EUA e no Canadá, nos quais o vírus apresentou mutações que poderiam aumentar a transmissibilidade entre pessoas. O risco é real e exige atenção.

Além disso, Natália menciona fatores como a globalização e as mudanças climáticas como elementos que podem facilitar a disseminação de doenças infecciosas, especialmente as respiratórias, num futuro próximo. "O movimento intenso de pessoas ao redor do planeta pode ser um fator crucial na propagação de novos vírus", explica.

O governo dos EUA está tomando medidas proativas para mitigar esse risco, com o presidente Joe Biden alocando US$ 360 milhões para preparar hospitais, vigilância sanitária, medicamentos e vacinas, além de US$ 176 milhões à empresa Moderna para o desenvolvimento de uma vacina de mRNA contra a gripe aviária. Um investimento que, embora tardio, é um passo necessário e esperançoso para o futuro.

No Brasil, o Instituto Butantan já está se preparando para iniciar testes clínicos de uma vacina contra a gripe aviária, o que pode ser uma grande contribuição na contenção de possíveis surtos. Natália enfatiza que o aprendizado com a pandemia da covid-19 é essencial para estarmos melhor preparados para ameaças futuras, não só da gripe aviária, mas de outras doenças contagiosas.

Durante uma coletiva da Organização Mundial da Saúde (OMS), seu diretor, Tedros Adhanom Ghebreyesus, mencionou que, embora a probabilidade de surtos futuros seja baixa, o monitoramento do vírus em animais é insatisfatório. A vigilância limitada é um problema que requer solução rápida para evitar uma nova crise de saúde pública.

Fique atento às próximas atualizações sobre as medidas e estratégias que podem garantir a saúde pública mundial.