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Meta Autoriza Discursos de Ódio e Insultos nos EUA: O que Isso Significa?

2025-01-08

Autor: João

Em uma reviravolta polêmica, a Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou nesta terça-feira (7) mudanças significativas em sua política de moderação de conteúdo, especialmente direcionadas aos usuários nos Estados Unidos. Essas alterações estão ligadas ao novo governo do presidente eleito Donald Trump e têm gerado uma onda de críticas e preocupações entre defensores dos direitos humanos.

Segundo as novas diretrizes, agora é permitido o uso de insultos homofóbicos, transfóbicos, xenofóbicos e misóginos nos debates online, desde que sejam considerados contextualmente apropriados. A Meta justifica essa mudança alegando a necessidade de 'espaço para discussões sinceras' sobre temas polêmicos, como imigração e direitos LGBTQ+.

"O que temos observado é que discursos que antes eram rotulados como odiosos agora foram classificados de maneira que permitam maior liberdade de expressão. Isso inclui ofensas que podem surgir durante discussões sobre política, religião e até relacionamentos pessoais," afirmou a Meta em seu comunicado.

Especialistas como Ana Regina Rego, da Rede Nacional de Combate à Desinformação, estão alarmados. Ela chama essas novas políticas de um retrocesso significativo na luta contra o discurso de ódio e expressa receio de que essa permissividade resulte em um aumento na violência, tanto simbólica quanto física, contra grupos marginalizados. "Esse é um convite à impunidade para discursos violentos, especialmente contra mulheres. Em um ambiente onde, a cada 10 minutos, uma mulher é assassinada, isso é extremamente preocupante," declarou.

Além disso, a Meta agora também permite a associação de homossexualidade e transsexualidade a questões de saúde mental, o que pode reforçar estigmas já existentes na sociedade. As mudanças parecem favorecer, indiretamente, a retórica que tem sido frequentemente associada a Trump, que já foi criticado por sua postura em relação a minorias.

Mudanças adicionais na política incluem a permissão para conteúdos que restrinjam a participação de mulheres em áreas como forças armadas ou instituições de ensino, baseado na orientação sexual ou crenças religiosas. "Essa é uma grande mudança no discurso público, permitindo que a discriminação se espalhe como uma norma em nossas redes sociais," alertou a professora.

Mesmo com esse cenário de permissividade, a Meta afirma que continuará a remover conteúdos considerados desumanizantes ou que façam alegações de crimes graves. Joel Kaplan, diretor de assuntos globais da Meta, defendeu as mudanças como um alívio de regras excessivamente restritivas que limitam discussões importantes. "O que podemos dizer na TV ou no Congresso não pode ser censurado em nossas plataformas. É um movimento para reintegrar a liberdade de expressão aos debates," defendeu.

Em resposta a questionamentos sobre se essas mudanças poderiam ser importadas para o Brasil, a Meta não comentou no momento. O futuro digital parece incerto, com preocupações globais sobre o que essas novas diretrizes podem significar para a saúde das democracias online e para os direitos das minorias.