Nação

Marina Silva na COP29: Pressão sobre países ricos por recursos e plano para eliminar combustíveis fósseis

2024-11-12

Autor: Gabriel

Durante a COP29, que ocorre em Baku, Azerbaijão, a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, fez um apelo contundente por financiamento de países desenvolvidos. Em sua fala, ela destacou a significativa redução de 45% no desmatamento da Amazônia nos últimos dois anos, resultando na evitação da liberação de aproximadamente 400 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera.

Marina enfatizou que a plena implementação das metas de desmatamento zero e a redução das emissões de gases de efeito estufa dependem diretamente dos recursos financeiros que precisam ser alocados por nações ricas. "O sucesso nesta COP deve ser medido pelos mecanismos de financiamento. Sem isso, nossas intenções continuarão apenas no papel", alertou Silva.

O evento também contou com a participação do vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele defendeu a nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil, manifestando otimismo frente ao desafio de reduzir as emissões de CO₂ de 2,2 bilhões para 850 milhões de toneladas até 2035.

O discurso de Marina abordou também o uso contínuo de combustíveis fósseis globalmente, cobrando dos países desenvolvidos a apresentação de NDCs mais robustas antes da realização da COP30, que acontecerá em Belém, Brasil, em 2024. "A COP30 será a COP da implementação e dos resultados. É crucial que países desenvolvidos também apresentem compromissos mais ambiciosos", frisou.

No entanto, o discurso da ministra revelou uma contradição no posicionamento do Brasil, que, enquanto estabelece uma meta de desmatamento zero até 2030, está considerando expandir a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, o que contradiz a urgência da preservação ambiental.

O silêncio do Ministério de Minas e Energia sobre essa questão polêmica é notável, especialmente num momento em que o Ibama analisa autorizações para prospecção nessa região. Ambientalistas criticaram a postura contraditória do Brasil, que, apesar de liderar discussões importantes sobre mudanças climáticas, continua promovendo projetos que potencialmente podem liberar bilhões de toneladas de CO₂ devido a novas explorações de petróleo.

O estudo apresentado pela ONG Leave it in the Ground Initiative revelou informações preocupantes sobre a poluição e a pressão dos países que compartilham a presidência nas COPs entre 2023 e 2025. A pesquisa indica que se as propostas de exploração de petróleo forem levadas adiante, não apenas o Brasil, mas também os Emirados Árabes e o Azerbaijão, liberarão uma quantidade alarmante de emissões, comprometendo os avanços necessários no combate às mudanças climáticas.

Esse cenário paradoxal demonstra que, enquanto líderes se comprometem em fóruns internacionais a conduzir ações climáticas assertivas, a realidade de exploração de combustíveis fósseis apresenta um desafio profundo à sustentabilidade global. O futuro da agenda climática mundial, portanto, ficará em jogo se não houver uma transição efetiva para formas de energia mais limpas e sustentáveis, além de um compromisso genuíno em reduzir as emissões.

Belém se prepara para ser o palco da COP30, um desafio que exigirá um comprometimento genuíno de todos os países para um futuro mais sustentável.