Manifesto contra cortes de Haddad provoca divisão no PT
2024-11-12
Autor: Matheus
Um artigo assinado por membros do Partido dos Trabalhadores (PT) e outras siglas aliadas ao governo critica abertamente o plano de contenção de gastos proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Essa proposta, que ainda não foi oficialmente apresentada, vem gerando intensa discussão nas últimas semanas e está prestes a ser finalizada nos próximos dias.
O manifesto se opõe às possíveis limitações em programas sociais vitais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o seguro-desemprego, além de apontar para cortes em áreas essenciais como saúde e educação. A resistência vem principalmente de figuras influentes dentro do PT e de partidos de esquerda que atualmente apoiam o governo.
Em um dos trechos do manifesto, os signatários afirmam: “Estão querendo cortar na carne da maioria do povo, atacando conquistas históricas, como o reajuste real do salário-mínimo e seus vínculos com aposentadorias, BPC, seguro-desemprego e os direitos fundamentais dos trabalhadores.”
Além disso, o manifesto não perde a oportunidade de criticar o governo anterior, de Jair Bolsonaro, questionando a presença de críticos durante os períodos de alta inflação, que chegou a quase 12% em maio de 2022. "Onde estavam esses críticos quando o governo anterior destruiu a credibilidade fiscal do Brasil?" destaca o texto.
As vozes internas do PT se dividem em apoio e contestação ao manifesto. O deputado federal Emídio de Souza (PT-SP), por exemplo, expressou que o partido não pode se posicionar como oposição ao próprio governo e que é importante discutir as medidas do governo sem a polarização. Emídio afirmou que o diálogo deve prevalecer sobre a confrontação: “É fundamental que nossos líderes entendam os limites do Orçamento público.”
Por outro lado, a atual presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e outros membros da ala anti-Haddad levantaram preocupações sobre as pressões de setores que propõem a imposição de sacrifícios aos trabalhadores e aposentados. Gleisi destacou que o governo atual precisa se distanciar das políticas neoliberais que marcaram a administração anterior. “É preciso inverter essa lógica que prioriza cortes quando deveríamos estar focando em mais crédito e investimentos para a economia”, declarou em suas redes sociais.
Essa situação reflete um momento crítico para o governo de Lula, que passa por tensões internas enquanto tenta implementar medidas que realmente favoreçam a recuperação econômica e social do país. A expectativa é de que as discussões em torno do orçamento e das políticas sociais se intensifiquem nas próximas semanas, especialmente com as pressões externas e os desafios que o governo enfrenta para equilibrar a responsabilidade fiscal e as demandas sociais.