Maiara com 45 quilos, Ozempic e o Culto à Magreza: Um Perigo Oculto que Atinge a Juventude
2024-11-03
Autor: Lucas
A epidemia do culto à magreza está se intensificando no Brasil, levando a preocupações alarmantes entre especialistas. Desde o início do ano, a busca pelo medicamento Ozempic, destinado ao tratamento de diabetes tipo 2 e agora amplamente utilizado para emagrecimento, cresceu incríveis 300%. Essa tendência preocupa, especialmente após declarações da cantora sertaneja Maiara, da dupla Maiara e Maraísa, que revelou estar pesando apenas 45 quilos e professar estar mais feliz e saudável do que nunca.
Além de Maiara, comunidades como a "edtwt" (Eating Disorder Twitter) surgiram, onde jovens com transtornos alimentares trocam dicas e se reúnem para compartilhar suas experiências, muitas vezes de forma tóxica. Esse cenário destaca a crescimento preocupante do culto à magreza, que não se limita a um ideal estético, mas pode evoluir para transtornos alimentares, impactando a saúde física e mental.
Manoela Figueiredo, nutricionista e especialista em transtornos alimentares, ressalta que a busca obsessiva pela magreza pode ser um sinal de alerta. Mudanças drásticas na dieta, como contagem excessiva de calorias e eliminação de grupos alimentares, são sinais frequentes de um comportamento alimentar problemático. A pressão para manter um corpo magro também resulta em prática excessiva de atividades físicas, transformando o exercício em uma obrigação, em vez de uma fonte de prazer.
Desiguais, o isolamento social e a distorção da imagem corporal são questões que têm gerado cada vez mais preocupações. Pessoas que se enxergam acima do peso, mesmo quando magras, estão sujeitas a uma série de problemas de saúde, como cansaço extremo, queda de cabelo, perda muscular e até desmaios. Esses fatores, aliados a dietas extremamente restritivas, não apenas prejudicam a saúde física, causando desnutrição e problemas hormonais, mas também têm um impacto emocional significativo, levando a quadros de depressão e ansiedade.
É assustador saber que a indústria da dieta e emagrecimento rapidamente capitaliza a insatisfação com a imagem corporal, promovendo produtos que prometem resultados instantâneos, mas que podem ter efeitos devastadores, como danos ao fígado e problemas cardíacos. Muitas dessas práticas resultam em um ciclo vicioso de emagrecimento e recuperação de peso, frequentemente chamado de 'efeito sanfona'.
As especialistas, como Fernanda Timerman, apontam que esse sistema lucrativo explora a vulnerabilidade das pessoas em relação à sua imagem, criando um ciclo de insatisfação que determina as ideias de beleza na sociedade. Recentemente, um estudo da Kantar revelou que 20% das mulheres brasileiras convivem com a baixa autoestima, exacerbada pela pressão das redes sociais.
A nutricionista Sabrina Franco enfatiza a necessidade de uma abordagem alimentar saudável e sustentável, destacando que o emagrecimento deve ser encarado como um processo gradual, e que soluções rápidas raramente conduzem a resultados duradouros.
Atualmente, os transtornos alimentares se tornaram um problema de saúde pública. Estima-se que cerca de 5% da população brasileira sofra com esses problemas, e a comparação constante com imagens idealizadas nas redes sociais, que não refletem a realidade, contribui significativamente para essa epidemia. A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados já se debruçou sobre a crescente incidência de transtornos alimentares em adolescentes, reafirmando a urgência de ações preventivas e de conscientização para combater essa triste realidade.