Saúde

Crise na Segurança: A Redução do Efetivo e sua Tragédia Oculta na Saúde Mental dos Policiais de Pernambuco

2024-11-06

Autor: João

Pernambuco vive uma grave crise na segurança pública. Atualmente, o estado conta com apenas 4.663 policiais civis, enquanto o ideal, conforme apontam especialistas do setor, seria de aproximadamente 10 mil profissionais. No caso da Polícia Militar, a situação é igualmente alarmante: 16.563 policiais estão em atividade, mas a necessidade é de cerca de 27.950. Em uma década, o efetivo policial no estado sofreu uma redução de 16,9%, resultando em um aumento significativo da carga de trabalho e das injustas responsabilidades atribuídas aos agentes de segurança.

A sobrecarga de trabalho tem gerado consequências severas tanto na saúde mental quanto na saúde física dos policiais. De acordo com a psiquiatra Ludmila Costa, capitã da PM, essa pressão contínua pode levar a uma série de problemas psicológicos e físicos, incluindo somatizações, aumento das dores de cabeça, problemas gastrointestinais e até doenças cardiovasculares. "Os militares também podem desenvolver sintoma de esgotamento, que frequentemente se apresenta através de despersonalização, distanciamento emocional e uma constante sensação de fadiga", alerta ela.

Além disso, a tensão constante enfrentada por esses profissionais leva ao surgimento de sintomas de ansiedade e depressão, resultando em crises de ansiedade, distúrbios do sono e alterações de apetite, que prejudicam o desempenho no trabalho e, consequentemente, a segurança da população.

O déficit de efetivo também se reflete diretamente no suporte psicológico e psiquiátrico disponível para essas corporações. Durante uma recente audiência pública, foi revelado que, para atender a todo o efetivo policial de Pernambuco, existem apenas três psiquiatras concursados e dois prestadores de serviços. Somente esses profissionais estão responsáveis pelo atendimento emergencial e ambulatorial, o que é insuficiente diante da crescente demanda.

"Ainda existe um tabu profundo dentro dos quartéis e delegacias sobre saúde mental, e isso resulta em situações extremamente perigosas. Infelizmente, temos visto policiais afastados do trabalho devido a transtornos mentais, além de aposentados prematuramente por questões similares", destacou o deputado estadual Joel da Harpa (PL). Essa fala reflete a urgência de discutir a saúde mental no ambiente policial e a necessidade de uma atenção específica a esses profissionais, que dedicam suas vidas à proteção da sociedade.

Uma luz no fim do túnel: representantes da PM e da Polícia Civil afirmaram que a contratação de novos policiais aprovados nos concursos públicos deste ano deverá amenizar um pouco a carga de trabalho atual. Ao todo, 4.500 praças e 450 oficiais estão previstos para iniciar suas funções, o que ajudará a reduzir o déficit.

"Estamos realizando um processo de seleção para a contratação de policiais para todos os cargos em aberto, com a fase final do concurso prevista para janeiro. Esperamos que em fevereiro ou março, os novos policiais já estejam na academia para o devido treinamento", esclareceu Benedito Anastácio, diretor de Recursos Humanos da Polícia Civil.

Essa é uma situação que clama por atenção e ação imediata. O que será preciso para que a saúde mental dos nossos policiais seja tratada de maneira adequada? A sociedade e o poder público precisam unir esforços para fazer da saúde mental uma prioridade.