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Maduro aguarda pronunciamento de Lula sobre veto à Venezuela no Brics

2024-10-29

Autor: Lucas

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, manifestou na segunda-feira (28 de outubro de 2024) a expectativa de que Luiz Inácio Lula da Silva, chefe do Executivo brasileiro, se pronuncie sobre a recente decisão do Brasil de vetar a entrada da Venezuela no Brics.

Em uma entrevista transmitida pela TV pública da Venezuela, Maduro afirmou: "Prefiro esperar que Lula observe e esteja bem informado sobre os acontecimentos, e que ele, como chefe de Estado, em seu momento, diga o que tem de dizer." Embora não tenha atribuído diretamente a responsabilidade pelo veto a Lula, o presidente venezuelano criticou a influência que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Itamaraty, exerce sobre as decisões do governo brasileiro.

"O Itamaraty tem sido um poder dentro do poder no Brasil há muitos anos", declarou Maduro, relembrando as palavras do cubano Fidel Castro, que afirmava que o Brasil era "comandado por um edifício", referindo-se ao ministério. Segundo Maduro, o Itamaraty sempre "conspirou" contra a Venezuela, relacionando suas ações com o Departamento de Estado dos Estados Unidos desde os anos 60, especialmente após o golpe de Estado contra João Goulart em 1964.

Recentemente, a Venezuela ficou fora da lista de 12 países analisados pelo Brics para se tornarem novos membros do bloco. Maduro participou da Cúpula do Brics realizada em Kazan, na Rússia, na semana passada, enquanto o governo brasileiro orientou sua delegação a barrar a entrada de novos países devido à instabilidade política na Venezuela após a eleição presidencial de 28 de julho.

As tensões entre Brasil e Venezuela aumentaram, especialmente após a recusa de Maduro em enviar as atas eleitorais para verificar a lisura do pleito, o que acarretou um estranhamento nas relações bilaterais. O governo da Venezuela classificou o veto brasileiro como uma "agressão", com o Ministério das Relações Exteriores do país afirmando que a gestão de Lula tem permanecido na linha do que consideram "o pior" do governo de Jair Bolsonaro.

O documento oficial destacou que a decisão brasileira "contradiz a natureza e a postura" do Brics, e enfatizou que nenhuma "artimanha" será capaz de alterar o curso da Venezuela na busca por ser um país "livre e sem hegemonismos".

Esse desentendimento entre Brasil e Venezuela pode ter implicações significativas para a política externa brasileira e a integração latino-americana, especialmente num cenário global onde as alianças estão cada vez mais em debate. O futuro das relações entre esses dois países ainda é incerto, mas promete muitas reviravoltas.