O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro ao candidato Donald Trump nas próximas eleições nos Estados Unidos. Lula acredita que cada candidato desenvolve sua própria estratégia para vencer as eleições e, apesar de Bolsonaro fazer associações entre a política nacional e as eleições americanas, o foco do atual presidente é garantir a estabilidade e a democracia no Brasil.

Desde que a eleição americana foi decidida na última terça-feira (5), Bolsonaro e seus aliados têm ressaltado que a vitória de Trump poderia ter repercussões para o Brasil, mesmo com o ex-presidente inelegível para 2026. Lula, no entanto, enfatizou que só considerará uma candidatura à reeleição em 2026 se for para "derrotar a extrema direita". "Se chegar na hora e os partidos da base entenderem que não há outro candidato capaz de enfrentar uma pessoa que seja negacionista e que despreza a ciência, eu estarei pronto para essa batalha", declarou.

O presidente também expressou esperança de que novos líderes surjam antes da eleição, almejando uma renovação política significativa tanto no Brasil quanto no mundo. "Eu espero que não seja necessário. Espero que possamos ter outros candidatos e realizar uma grande renovação política", disse.

Internamente, no governo e entre aliados, não há dúvida de que, se Lula mantiver a saúde e a popularidade atuais, ele será o candidato à reeleição em 2026. Há especulações sobre um possível substituto sendo preparado apenas para 2030.

Sobre a relação com o novo presidente dos Estados Unidos, Lula ressaltou a importância de uma "relação civilizada" entre as duas nações, mesmo nas divergências. "Dois chefes de Estado têm a responsabilidade de conversar sobre os interesses dos Estados Unidos e do Brasil. O importante é defender os interesses de ambas as partes", afirmou em entrevista à CNN Internacional.

Além disso, Lula destacou a forte relação econômica entre Brasil e Estados Unidos, mencionando que o Brasil possui uma vigência de parceria com os EUA há muitas décadas, com investimentos significativos dos americanos em território brasileiro.

O presidente brasileiro também reconheceu sua preferência pela vice-presidente Kamala Harris nas eleições e refletiu sobre como, no passado, mesmo enfrentando desafios ideológicos, conseguiu estabelecer boas relações tanto com presidentes democratas quanto republicanos. Ele lembrou que, ao assumir em 2003, tinha dúvidas sobre a relação com o ex-presidente republicano George W. Bush, mas acabou tendo uma colaboração extraordinária com ele.

"Minha relação com presidentes como Barack Obama e Joe Biden também foi muito positiva. Quando os chefes de Estado se encontram, o que deve prevalecer são os interesses do Estado e não as questões pessoais. O foco da nossa conversa com os Estados Unidos é a duradoura parceria entre Brasil e EUA", concluiu Lula, reafirmando seu compromisso com a diplomacia e a cooperação internacional.