Nos anos em que Donald Trump ocupou a presidência dos Estados Unidos, entre 2017 e 2021, sua política de "tolerância zero" resultou na separação de mais de 3.900 crianças de seus pais na fronteira com o México, gerando um clamor internacional. Agora, com sua recente vitória nas eleições, o Canadá está em alerta máximo para uma potencial onda de imigração.

"Estamos monitorando a fronteira com grande atenção", disse Charles Poirier, porta-voz da Real Polícia Montada do Canadá (RCMP). Segundo Poirier, as autoridades canadenses esperam um aumento na imigração irregular à medida que a posse de Trump se aproxima, marcada para 20 de janeiro. A vice-primeira-ministra Chrystia Freeland tentou acalmar os ânimos, afirmando que existe um plano em andamento, embora os detalhes ainda não tenham sido revelados.

Apesar do aumento no fluxo de refugiados, o governo de Justin Trudeau está revisando suas metas de imigração, buscando desacelerar o crescimento populacional. Essa decisão reflete a preocupação com a manutenção da infraestrutura e dos serviços sociais já sobrecarregados no país.

François Legault, primeiro-ministro de Quebec, expressou receios com a possibilidade de um "fluxo massivo de imigrantes" sobrecarregar as capacidades da província, que já enfrenta desafios significativos.

A pesquisa sobre como imigrar para o Canadá disparou no Google, com um aumento de dez vezes nos EUA, evidenciando a alta demanda por informações sobre o processo de imigração canadense. Além disso, o Departamento de Imigração do Canadá notou um crescimento no tráfego de usuários americanos em seus sites.

Atualmente, Ottawa estima que o processo para a obtenção de residência permanente pode levar até um ano, enquanto os pedidos de status de refugiado podem demorar até 44 meses. A situação se complica com as recentes mudanças nas políticas de migração entre Washington e Ottawa, tornando mais difícil a apresentação de pedidos de asilo e aumentando as chances de deportação.

Charles Poirier também alertou sobre os perigos de tentar atravessar a fronteira de forma ilegal, especialmente nas condições adversas do inverno. Amputações, queimaduras por frio e hipotermia grave são desafios reais para aqueles que tentam fazer a travessia.

As autoridades canadenses estão intensificando a segurança nas fronteiras, com o envio de mais pessoal, além de ter instalado câmeras, sensores de movimento e drones em todos os pontos críticos ao longo da extensa fronteira de 8.891 quilômetros com os EUA. No entanto, se um grande número de migrantes decidir atravessar ao mesmo tempo, a situação pode rapidamente fugir ao controle.

O panorama se torna ainda mais preocupante em um contexto onde muitos americanos buscam uma saída devido às incertezas políticas, revelando a fragilidade do estado atual e como a política de Trump ainda reverbera em diferentes partes do continente.