Juros no Brasil: Expectativas Acima do Pré-Covid Divergem de Outras Economias Emergentes, Afirma Diogo Guillen
2025-01-13
Autor: João
O Brasil apresenta uma dinâmica diferenciada em relação a outros mercados emergentes, com expectativas de juros que superam os níveis observados antes da pandemia. Essa análise foi feita pelo diretor de política econômica do Banco Central, Diogo Guillen, durante uma apresentação na Bradesco Asset Management. Guillen destacou que a autoridade monetária já antecipa mais duas elevações de 1 ponto na taxa Selic para este ano.
"Estamos evoluindo de um cenário incerto para um mais desafiador, onde os riscos se concretizaram. Isso nos dá a oportunidade de oferecer previsibilidade, indicando as próximas decisões e a possibilidade de um ciclo monetário prolongado", afirmou Guillen.
Ele enfatizou a importância de manter as expectativas inflacionárias ancoradas, o que, segundo ele, ajuda a "reduzir o custo da desinflação". Essa é uma preocupação crescente, especialmente em um ambiente onde a inflação tem sido uma questão central para a política monetária.
Guillen também observou que, apesar de momentos de fraqueza, a atividade econômica brasileira se mostrou robusta, com o Produto Interno Bruto (PIB) superando as expectativas em determinados períodos, impulsionado pelo consumo das famílias e um aumento nos investimentos. Contudo, ele mencionou que dados mais recentes referentes ao comércio e à indústria, especialmente de novembro, ficaram abaixo do esperado e que "não devemos supervalorizar esses dados, pois podem ser apenas oscilações temporárias".
Ele ainda destacou que a política monetária mais apertada está contribuindo para um processo de desinflação, mencionado que uma possível ampliação do hiato do produto (indicador de ociosidade econômica) seria uma consequência natural dessa estratégia. "As surpresas têm se revelado mais na resiliência da atividade econômica do que em uma futura abertura do hiato", acrescentou.
Por fim, Guillen trouxe à tona o cenário fiscal atual, revelando que cerca de 80% dos analistas que participaram de um questionário pré-Copom acreditam que a situação das contas públicas se deteriorou antes da última reunião. "O foco do nosso diálogo com o mercado tem se concentrado mais na sustentabilidade da dívida do que no cumprimento das metas estabeleceram no arcabouço fiscal anual", concluiu o dirigente, ilustrando a complexidade da situação econômica que o Brasil enfrenta atualmente.