Juno Revela Segredos da Lua Vulcânica Io de Júpiter
2025-01-05
Autor: Mariana
A sonda Juno, da NASA, está mudando a nossa compreensão sobre Io, a lua de Júpiter famosa por suas erupções vulcânicas. Com cerca de 400 vulcões ativos em uma superfície que é aproximadamente do tamanho da nossa Lua, Io tem fascinado os cientistas desde sua descoberta por Linda Morabito, que analisou imagens da Voyager 1 em 1979.
Como uma das quatro grandes luas de Júpiter, conhecidas como luas galileanas e descobertas por Galileu Galilei entre 1609 e 1610, Io está situada mais próxima do planeta gigante e, portanto, sofre intenso efeito de maré devido à sua gravidade. Esse efeito gera um calor interno significativo, que mantém grandes reservatórios de magma ativo, fazendo com que as erupções lancem material para o espaço, espalhando enxofre ao redor do sistema joviano.
Cientistas antes acreditavam que esse calor poderia permitir a existência de um oceano global de magma sob a superfície de Io. No entanto, novos dados da Juno, provenientes de dois sobrevoos realizados em dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, colocaram essa teoria em xeque.
Durante essas passagens a menos de 1.500 km da superfície lunar, os pesquisadores conseguiram mapear a variação da força gravitacional em diferentes pontos de Io. Alterações sutis na gravidade estão diretamente ligadas à distribuição de massa na lua, ajudando a formar uma imagem mais precisa de sua estrutura interna, tudo isso sem a necessidade de perfurações.
Os dados, analisados por uma equipe liderada por Scott Bolton, incorporaram informações de missões anteriores e também observações de telescópios na Terra. O resultado foi a criação do mapeamento mais detalhado até hoje do campo gravitacional de Io. Surpreendentemente, os dados mostraram que não havia um oceano raso de magma sob sua superfície, mas uma composição predominantemente sólida, com pequenos reservatórios de magma apenas em áreas específicas.
Essas descobertas, publicadas na revista Nature, não apenas aprimoram nossa compreensão de Io, mas também ajudam a entender que os fortes efeitos de maré em corpos celestes não necessariamente levam à formação de oceanos globais de magma. Este resultado é relevante tanto para objetos no nosso Sistema Solar quanto para exoplanetas.
A missão Juno, originalmente planejada para estudar apenas Júpiter, tem proporcionado uma riqueza de informações sobre suas luas, levando a novas e emocionantes revelações. Entretanto, é importante notar que a missão se aproxima do fim, programado para setembro de 2025, após nove anos de exploração.
Este é apenas um capítulo de uma jornada fascinante que continua a desvendar os mistérios do nosso Sistema Solar e nos faz questionar o que mais podemos aprender sobre o cosmos.