A construção civil no Brasil já enfrenta sérios desafios com as taxas de juros em níveis elevados, e agora, a inflação do setor surge como um novo vilão. Nos últimos meses, os profissionais do setor têm notado um aumento significativo nos custos, principalmente devido à pressão da mão de obra, que começa o ano em alta.

Recentemente, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-10) subiu para 0,74% em janeiro, um aumento considerável em relação aos 0,42% do mês anterior. Esse crescimento é um sinal claro de que os desafios econômicos estão se intensificando.

A mão de obra é um dos principais responsáveis por esse resultado. Neste mês, o grupo de custos de mão de obra apresentou uma variação de 0,98%, com aumento significativo nos salários de profissionais como pedreiros (1,16%), engenheiros (1,73%) e eletricistas (1,12%). Esse cenário é reflexo de uma alta generalizada nos últimos 12 meses, com aumentos acumulados próximos a 9%.

Conforme destacado por Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos de construção do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), a escassez de mão de obra qualificada e a alta competição têm provocado elevações nos custos. "O mercado de trabalho está aquecido e a falta de profissionais capacitados resulta em aumento nos preços das atividades de construção", afirmou Castelo ao Brazil Journal.

Com um acumulado de 6,72% na inflação de 12 meses, as previsões indicam que essa tendência deve continuar. Em um cenário onde os investimentos em lançamentos e vendas foram expressivos em 2024, a pressão sobre os custos provavelmente irá persistir em 2025.

Estas inquietudes já eram visíveis, e o Itaú BBA foi um dos primeiros a alertar sobre a inflação crescente no setor da construção civil, destacando que após um período de inflação controlada, a situação começou a mudar. A alta demanda tem contribuído para que os salários permaneçam pressionados, e a elevação da atividade pode afetar também a inflação de materiais, que até então estava sob controle.

O INCC-10 de janeiro confirmou estas previsões: os custos de materiais e equipamentos também subiram, com um aumento de 0,64%, impulsionado principalmente por itens como tubos e conexões de PVC, além de vergalhões e arames de aço ao carbono.

Dentre os segmentos mais afetados, as empresas vinculadas ao programa Minha Casa Minha Vida, especialmente nas faixas mais baixas, devem enfrentar desafios adicionais, bem como as incorporadoras que estão em plena fase de obras ou que operam com ritmo acelerado de vendas.

Por fim, a movimentação do mercado imobiliário indica que esta será uma questão a ser monitorada de perto nos próximos meses. Para mais informações e análises, fiquem atentos ao novo site Metro Quadrado, que será lançado em fevereiro, abordando essas e outras questões importantes do setor.