Um novo estudo surpreendente revelou que o extrato de própolis, especialmente aquele produzido pelas abelhas nativas sem ferrão Scaptotrigona aff postica, pode ter um efeito antiviral poderoso contra os temidos vírus Zika, chikungunya e mayaro. Essa não é a primeira vez que pesquisadores investigam as propriedades medicinais da própolis. Estudos anteriores já indicaram que o extrato hidroalcoólico da substância apresenta forte atividade contra os vírus do herpes, da influenza e da rubéola, levando os cientistas a explorarem sua eficácia contra outras ameaças à saúde pública.

Os cientistas colheram a própolis de uma colônia localizada em Barra do Corda, Maranhão. O método de extração foi meticuloso: a substância foi raspada, congelada e transformada em um pó fino através de processos de maceração e centrifugação, resultando em um produto 100% purificado.

Os testes foram realizados em células VERO, uma linhagem comum em estudos virais, onde a equipe monitorou o crescimento e a morfologia das células diariamente. Utilizando uma solução do extrato de própolis, foram feitas diluições para determinar a quantidade necessária para inibir a multiplicação dos vírus. Os resultados foram surpreendentes: a carga viral do Zika foi reduzida em 16 vezes, a do mayaro em 32 vezes e, mais impressionante ainda, a do chikungunya apresentou uma redução de 512 vezes!

Apesar desses resultados promissores, a pesquisa ainda está em sua fase inicial, restrita ao ambiente laboratorial. No entanto, os pesquisadores já deram um próximo passo, coletando amostras de própolis mensalmente para estudar a relação entre seu potencial antiviral e a vegetação disponível em cada período. A variedade de plantas utilizadas pelas abelhas na região pode influenciar diretamente os compostos ativos na própolis.

Vale destacar que a própolis utilizada na pesquisa é diferente da própolis comercial normalmente encontrada em farmácias, que geralmente vem da abelha europeia Apis mellifera e é uma mistura de vários componentes. O extrato analisado na pesquisa é exclusivo das abelhas nativas do Brasil e apresenta uma pureza que amplia seu potencial terapêutico.

A busca por medicamentos derivados de substâncias naturais, os conhecidos compostos bioativos, é uma das frentes mais promissoras da ciência atual. O Brasil, com sua vasta diversidade de flora e fauna, é um verdadeiro laboratório a céu aberto para descobertas que podem revolucionar tratamentos. O objetivo da equipe de pesquisa é encontrar um composto que não só previna, mas também trate pacientes infectados pelos vírus em questão. Embora os resultados ainda sejam preliminares e mais pesquisas, inclusive em animais e humanos, sejam necessárias, os pesquisadores estão optimistas sobre as possibilidades que se abrem com essa descoberta incrível.

A caminho de um futuro onde a natureza pode fornecer as chaves para combater essas doenças virais, a equipe liderada por Silva Júnior continuará buscando respostas e soluções eficazes. Prepare-se, pois estamos apenas começando a desvendar os mistérios da própolis e seu potencial que pode mudar a maneira como enfrentamos infecções virais!