Descubra por que os resultados das eleições nos EUA demoram mais do que no Brasil!
2024-11-06
Autor: Fernanda
Enquanto no Brasil a contagem dos votos é realizada rapidamente e os resultados são divulgados no mesmo dia, nos Estados Unidos, o processo pode levar dias, e às vezes até semanas! A complexidade deste sistema se deve a uma série de fatores que tornam a apuração dos votos uma tarefa muito mais demorada.
Por exemplo, no Arizona, os eleitores têm uma variedade de opções para votar: eles podem optar por votar online, pelo correio, pessoalmente ou em locais de votação classificados como confidenciais. Além disso, 14 estados usam urnas eletrônicas conhecidas como DRE (Direct Recording Electronic), aumentando ainda mais a diversificação do processo eleitoral.
Cada estado pode definir suas próprias regras, incluindo os documentos necessários, os requisitos para diferentes métodos de votação e os procedimentos de auditoria. Especialistas apontam que essa variedade nas normas e na estrutura eleitoral é uma das razões que impactam a agilidade da contagem dos votos. E ainda tem mais: os horários de fechamento das urnas variam em todo o país, o que dificulta a consolidação dos resultados.
No Arizona, o Secretário de Estado, Adrian Fontes, declarou que o resultado oficial das eleições presidenciais pode levar de 10 a 13 dias para ser divulgado. Isso pode ser um dos resultados mais demorados dos últimos anos. Durante as eleições de 2020, por exemplo, o resultado foi confirmado apenas quatro dias após o dia da votação, que ocorreu em 3 de novembro. Em 2016, com a vitória de Donald Trump, o resultado foi conhecido no dia seguinte.
Além da diferença no tempo de apuração, existem sete estados considerados "pêndulo", como Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Geórgia, Carolina do Norte, Arizona e Nevada, que desempenham papel crucial nas eleições, pois são os que mais alternam entre os partidos republicano e democrata.
O sistema eleitoral dos EUA é descentralizado e isso contribui para a maior demora. A especialista em relações internacionais Natali Hoff destaca que, em comparação com o Brasil, onde o Tribunal Superior Eleitoral coordena as eleições de maneira centralizada e padronizada, o sistema americano é fragmentado. "Aqui no Brasil, temos um procedimento uniforme que acelera a contagem de votos", afirma Hoff.
Igor Lucena, doutor em relações internacionais, também reforça que cada estado possui seu próprio método de abordagem, o que torna as eleições nos EUA um labirinto de processos. "Por isso, a declaração do vencedor depende de contagens que podem variar muito de um estado para outro", comenta.
A variedade dos métodos de votação nos EUA cria desafios adicionais para a auditoria e segurança do sistema eleitoral. Embora existam erros em ambos os sistemas, não há evidências concretas que tenham comprometido a integridade de nenhum deles. "Por mais que haja problemas pontuais, a integridade dos sistemas eleitorais não é questionada", assegura Lucena.
No Brasil, o processo eleitoral é organizado pela Justiça Eleitoral com três esferas de atuação: municipal, estadual e federal. Para cargos como o de presidente, governadores e senadores, o sistema é majoritário, onde o candidato com mais votos válidos é eleito.
Diferentemente, nos EUA, o presidente é escolhido não pelo voto direto, mas por meio dos delegados que representam os estados nos colégios eleitorais, onde 538 delegados estão distribuídos entre os 50 estados. É um sistema que favorece as regiões estratégicas, como Califórnia, Texas e Flórida, necessitando de 270 votos dos delegados para vencer as eleições.
Esse modelo de colégio eleitoral foi criado para equilibrar o poder entre as grandes cidades e o restante do país, garantindo que a diversidade da nação seja refletida na eleição do presidente. Portanto, ao acompanhar as eleições americanas, é crucial entender essas nuances que explicam por que os resultados demoram tanto para ser divulgados.