Ignorados e em Perigo: O Alarmante Aumento do Risco de Suicídio Entre Pessoas com Deficiência
2025-01-16
Autor: João
Estudos revelam que indivíduos com deficiência têm um risco impressionante de 2,8 vezes maior de manifestar sintomas depressivos em comparação com aqueles sem deficiência. Esse dado alarmante destaca a necessidade urgente de atenção aos desafios que essas pessoas enfrentam.
Um caso emblemático é o de Felipe*, um jovem de 25 anos do interior de São Paulo, que lutou contra a depressão após ser deixado por sua ex-esposa, que o desmerecia por suas limitações físicas. Ele tentou suicidar-se duas vezes antes de buscar a ajuda que precisava. “Ela me disse que, por não andar, eu nunca encontraria alguém que me amasse. Isso me levou a um buraco profundo”, relata Felipe. Hoje, com apoio psicológico, ele superou suas dificuldades e começou a faculdade, redescobrindo sua força interior.
Uma pesquisa na Inglaterra aponta um risco até quatro vezes maior de tentativas de suicídio entre pessoas com deficiência, em comparação com as sem deficiência. Segundo o psiquiatra César Augusto Trinta Weber, a conexão entre deficiência e suicídio pode ser atribuída a diversos fatores:
1. Adversidades Sociais e Econômicas
Pessoas com deficiência enfrentam barreiras como desemprego e pobreza, que impactam diretamente sua saúde mental.
2. Estigma e Discriminação
A exclusão social e o preconceito aumentam o sofrimento emocional, levando a problemas severos de saúde mental.
3. Problemas de Saúde Mental
A presença de deficiências muitas vezes está associada a diagnósticos mais graves de condições psiquiátricas.
4. Condições Crônicas
O aumento de doenças crônicas, frequentemente associado à deficiência, também eleva o risco de suicídio.
5. Questões de Identidade e Gênero
O estigma sobre masculinidade e vulnerabilidade, especialmente em homens, e a violência doméstica contra mulheres com deficiência, criam um ambiente propício para a depressão.
6. Falta de Apoio Social
O isolamento social acentua o risco, e a ausência de um sistema de suporte é um fator persistente.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde do Brasil, publicado em fevereiro de 2024, mais de 114 mil casos de violência autoprovocada foram registrados em 2021, com uma porcentagem significativa envolvendo pessoas com deficiência.
Embora o Brasil esteja avançando em algumas áreas, a realidade de pessoas com deficiência ainda é assustadora: falta de oportunidades iguais no trabalho, na educação e em relacionamentos sociais as coloca em uma situação de vulnerabilidade. "Elas são sobreviventes em uma sociedade que, apesar de simples promessas de inclusão, frequentemente vira as costas para suas necessidades", afirma Danielle Garcia, psicóloga educacional.
O que muitos não sabem é que o autismo é outro agravante. Estudos recentes mostram que autistas têm risco três vezes maior de tentativas de suicídio. Os alerta para esses comportamentos podem incluir irritabilidade intensa e mudanças drásticas de humor, como observa a professora Aline Conceição Silva.
Diante desse cenário alarmante, é imprescindível que profissionais da saúde e instituições se mobilizem para aumentar a conscientização e fornecer suporte adequado. A criação de equipes multidisciplinares e campanhas de conscientização são ferramentas essenciais para reduzir o estigma.
Kelly Giacchero Vedana, professora associada da USP, destaca a importância de adaptar as ações de cuidado em saúde mental às necessidades específicas destes indivíduos, enfatizando que é fundamental agir sobre fatores sociais e estruturais que geram sofrimento.
Organizações oferecem suporte emocional e métodos de prevenção ao suicídio. O Centro de Valorização da Vida, por exemplo, disponibiliza ajuda gratuita e confidencial 24 horas. A conscientização e a educação são as chaves para transformar a situação de pessoas com deficiência e apoiar aqueles que mais precisam.
É time de parar de ignorar e começar a agir!