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Ibovespa tem queda acentuada e atinge menores níveis em mais de um mês

2024-09-20

A expectativa era de um fim de semana tranquilo, mas a realidade se mostrou amarga para os investidores nesta sexta-feira. O Ibovespa registrou uma queda significativa de 1,55%, atingindo 131.065,44 pontos, o que significa uma perda de 2.057,23 pontos: a maior queda diária desde 7 de junho, quando o índice caiu 1,73%. Este é o menor patamar de fechamento desde 9 de agosto, quando o índice marcou 130.614,59 pontos. Com isso, o Ibovespa sofreu sua quarta baixa consecutiva, totalizando mais de 4 mil pontos perdidos nas últimas semanas.

Enquanto isso, o dólar comercial interrompeu uma sequência de sete quedas, subindo 1,78% e alcançando a cotação de R$ 5,52, próximo da máxima do dia. A alta do dólar ocorre antecedendo a divulgação do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias, aumentando a inquietação entre os investidores, que já se mostravam cautelosos devido à contabilidade fiscal do governo.

O cenário da sexta foi influenciado por uma combinação de fatores tanto internacionais quanto locais. No exterior, alguns índices financeiros encerraram com viés de queda, refletindo a incerteza gerada por ações de bancos centrais e as crescentes tensões no Oriente Médio, que aumentam apreensões no mercado.

No Brasil, a movimentação no mercado aguardava a divulgação de relatórios fiscais, resultando em um clima de cautela. Para Marcelo Vieira, head da mesa de renda variável da Ville Capital, o mercado permanece reticente em relação às manobras fiscais do governo: "Estamos preocupados com a chamada contabilidade mágica da administração atual".

Além disso, o vencimento de opções sobre ações na B3 também influenciou o fechamento negativo. A análise da corretora Itaú BBA indica que o fechamento abaixo dos 133.800 pontos abriu espaço para uma realização de lucros mais expressiva, com o próximo suporte situado em 131.800 pontos, que é crucial para que o índice mantenha uma tendência de alta no curto prazo.

O alerta quanto às condições fiscais é um tópico recorrente. Estrategistas do BTG Pactual afirmam que, mesmo com a recente redução nas taxas de juros nos EUA, os investidores locais estão alarmados com a situação fiscal brasileira, em especial com a proposta orçamentária de 2025, que parece inexequível. Isso exacerba dúvidas sobre os impactos do ciclo de aperto monetário no Brasil sobre as ações locais.

Setores como siderurgia e varejo sofreram perdas exacerbadas, com a Vale (VALE3) caindo 1,51% e a Petrobras (PETR4) apresentando leve desvalorização de 0,03%. O comércio também não teve um dia favorável: Lojas Renner (LREN3) desabou 4,35%, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) viu seus papéis perderem alarmantes 7,26%.

Nesse contexto, vale ressaltar que o impacto negativo também envolveu ações de empresas que esperavam melhorar seus desempenhos nos próximos meses. A Multiplan (MULT3), por exemplo, mesmo com planos de recompra significativa de ações, viu seus papéis caírem 0,75%. O clima permanece instável e as expectativas para a próxima semana não são das melhores, com investidores buscando sinais de recuperação na economia global e os fundamentos locais.

Após uma sexta-feira volátil e repleta de perdas, o foco agora está na recuperação das ações e o alinhamento das expectativas em relação aos dados financeiros que serão divulgados nos próximos dias.