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Groenlândia na Mira de Trump: A Possível Ameaça aos Preços de Ozempic e Lego!

2025-01-14

Autor: Lucas

A Dinamarca, embora um pequeno parceiro comercial dos EUA, tem uma relação econômica que não pode ser ignorada. Em 2023, o país exportou mais de US$ 11 bilhões em produtos para os EUA, representando apenas uma fração dos impressionantes US$ 3 trilhões em importações dos Estados Unidos. Em contrapartida, a Dinamarca, que importou cerca de US$ 126,6 bilhões dos EUA no mesmo ano, se mostra proporcionalmente mais dependente das relações comerciais do que o gigante americano.

Entretanto, caso Donald Trump siga adiante com seu plano de implementar altas tarifas sobre produtos dinamarqueses, o impacto poderá ser profundo no bolso dos consumidores americanos, resultando em aumentos nos preços de itens populares, como o semáforo emagrecedor Ozempic e os icônicos blocos de montar Lego. Ambas as marcas têm raízes dinamarquesas: a Novo Nordisk, que fabrica Ozempic e Wegovy, é uma gigante farmacêutica, enquanto o Lego Group é famoso mundialmente por seus brinquedos.

Atualmente, a aproximadamente metade das exportações da Dinamarca para os EUA consiste em medicamentos, incluindo insulina, vacinas e antibióticos, informação que alerta sobre as consequências econômicas que tarifas elevadas poderiam gerar. O jornal The New York Times destaca que a Novo Nordisk é responsável por uma porção significativa da criação de empregos no setor privado dinamarquês, mas ademais, seus produtos são altamente requisitados em outros mercados, como o Brasil.

Enquanto isso, antitruste em aparelhos auditivos e diversos outros produtos médicos são também parte do que a Dinamarca oferece aos EUA. Os Lego que chegam ao mercado americano não são produzidos apenas na Dinamarca, mas também em fábricas localizadas em países como México, Hungria e China, além de uma instalação na Virgínia. Portanto, o cenário é complexo quando se trata de entender o impacto de qualquer tarifação sobre a colheita de Lego.

Recentemente, Trump voltou a acenar com interesses na Groenlândia, uma proposta que ele já havia levantado durante seu primeiro mandato. Em entrevista, ele caracterizou a aquisição do território como uma "necessidade absoluta" e insinuou que ações militares poderiam estar relacionadas a tal busca. Enquanto isso, Donald Trump Jr. desembarcou recentemente na Groenlândia, sendo uma manobra não apenas familiar, mas também um claro aceno político, reforçando o discurso de sua família.

O governo dinamarquês permanece firme na posição de que a Groenlândia não está à venda. A primeira-ministra Mette Frederiksen considerou as ambições de Trump como "absurdas", embora sua administração opte por uma postura de observação em vez de confrontar diretamente os EUA. Já o primeiro-ministro da Groenlândia, Múte Egede, tem enfatizado a luta pela independência da ilha e que os destinos da Groenlândia pertencem exclusivamente ao seu povo. Em postagens recentes, ele ressaltou que a Groenlândia nunca estará à venda, ecoando os sentimentos de muitos groenlandeses que rejeitam a ideia de se tornar parte da nação americana.

As questões em debate vão além da economia, atingindo diretamente temas de identidade cultural e histórica. A Groenlândia é habitada por cerca de 56 mil inuites, que têm uma rica cultura e história ligadas ao seu território. O espectro da colonização e as dolorosas memórias de controle imposto pela Dinamarca ainda reverberam fortemente entre o povo groenlandês, e a autonomia conquistada em 1979 é uma luta que muitos ainda defendem com vigor.

Para os groenlandeses, ser um estado parte dos Estados Unidos não é um desejo compartilhado, e a retórica de Trump pode ser vista como uma manobra política que ignora a verdadeira vontade do povo. Resta saber como essa interação entre os EUA e a Dinamarca se desenrolará no futuro, especialmente sob a liderança de Trump, cuja abordagem às relações internacionais pode desencadear reações em cadeia em toda a União Europeia. O que está claro é que a Groenlândia — por sua rica cultura e história — não será facilmente desconsiderada.