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G20 Enfrenta Desafios: Guerras em Gaza e na Ucrânia Ameaçam Acerto Final

2024-11-15

Autor: Julia

O presidente brasileiro, Lula, deixou claro que o Brasil não deseja que o G20 se transforme em um fórum focado exclusivamente nas guerras, como as que ocorrem em Gaza e na Ucrânia. Em uma entrevista recente a uma emissora francesa, ele enfatizou que o espaço adequado para abordar esses conflitos é a ONU, especialmente através do Conselho de Segurança, que atualmente luta para chegar a um consenso sobre a resolução das crises.

Nos bastidores do G20, diplomatas apontam que uma linguagem neutra sobre os conflitos pode facilitar a aprovação final do documento. O Brasil está tentando mediar um entendimento entre as nações participantes, embora isso possa exigir um "suavizar" na redação final. A intenção é manifestar preocupação com os impactos humanitários dos conflitos, reafirmando princípios da ONU sem nomear agressores diretamente.

"A mensagem essencial que queremos passar é a necessidade urgente de se buscar a paz", explicou Maurício Lyrio, diplomata que representa o Brasil nas negociações. Especialistas em relações internacionais alertam que um tom mais assertivo pode atrapalhar a aprovação da declaração, prejudicando a discussão de outras pautas importantes, como o meio ambiente e políticas sociais.

Contudo, há pressão de algumas nações do G20 por uma declaração mais firme em relação à situação em Gaza e a defesa da criação de um Estado Palestino. Atualmente, Gaza é considerado um território e não um país, fazendo com que sua situação política seja um ponto delicado nas negociações. Ben Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, sublinhou um ponto de consenso entre os membros do G20: a criação de um Estado de Gaza deve ser expressa claramente nas discussões.

Na reunião de 2023 do G20, realizada na Índia, a ausência de consenso sobre a guerra na Ucrânia quase impediu a divulgação de uma declaração final. Após muitas horas de debate, o documento final criticou o “uso da força” e a busca por “conquistas territoriais”, mas evitou uma condenação direta à Rússia, membro do grupo. O texto foi elaborado sob a liderança da África do Sul, Brasil, Índia e Indonésia, recebendo apoio do G7 e da China, resultando numa situação delicada para a Rússia.

Para a reunião de 2024 do G20, a situação em Gaza adiciona outro elemento desafiador, visto que o conflito intensificou-se após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro. Israel, em resposta, lançou uma campanha militar devastadora que resultou em mais de 40 mil mortos e deixou a infraestrutura de Gaza em ruínas, provocando reações negativas na comunidade internacional, incluindo críticas até dos Estados Unidos.

"Não acreditamos que o G20 seja o espaço para discutir a guerra entre nações, mas sim para avançar em temas que já foram debatidos em conferences passadas. O cenário da guerra deve ser relacionado diretamente à ONU, que precisa ser fortalecida para que suas discussões se tornem mais credíveis e representativas", declarou Lula em uma entrevista.

A questão das guerras é sem dúvida um dos tópicos mais espinhosos na esfera política global. O governo brasileiro está se esforçando para minimizar o espaço ocupacional que esses conflitos possam ter na cúpula do G20, uma vez que isso poderia bloquear o avanço de outros temas relevantes. Expectativas são de que o que se obtenha do G20 em relação às guerras seja um texto genérico, que não aponte para culpados.

As menções abordando as guerras devem ser definidas somente ao final do fórum, pois são consideradas questões delicadas. Reuniões preparatórias foram realizadas ao longo do ano, mas nenhuma delas tocou nos conflitos atuais, uma estratégia deliberada para evitar que divisões sobre este tema atrapalhassem o consenso em outras áreas.

Os chefes de diplomacia dos países estão envolvidos nas negociações, com discussões abrangendo a redação de um texto de consenso, que pode ser direcionado aos líderes de Estado. Em alguns casos, a decisão final referente ao documento geralmente é tomada somente pelos líderes do G20, o que justifica a importância de encontros presenciais nos fóruns internacionais.

Entretanto, a ausência de figuras decisivas como Vladimir Putin, Volodymyr Zelensky e Benjamin Netanyahu complicarão as tratativas. Putin não comparecerá por conta de uma ordem de prisão internacional; Zelensky não é membro do G20; e Netanyahu também não estará presente por restrições similares. Esses fatores acrescentam complexidade às deliberações finais, sendo um indicativo do crescente isolamento de Putin no cenário internacional.

O panorama está mais difícil devido às tensões políticas, tornando o G20 de 2024 um campo de batalha de ideias e interesses em um mundo polarizado.