Futuro presidente do Banco Central desmente ataque especulativo e analisa alta do dólar
2024-12-19
Autor: Carolina
O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou na quinta-feira (19) que a recente alta do dólar não é resultado de um ataque especulativo coordenado pelo mercado financeiro, como muitos especularam. Ele destacou que essa visão tem sido bem recebida pelos integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O dólar atingiu o valor máximo de R$ 6,301 em um momento de elevado nervosismo no mercado. Às 12h05, a cotação da moeda americana retrocedeu para R$ 6,157, uma queda de 1,75% em meio a grande volatilidade.
"Não é correto pensar que o mercado age como um bloco monolítico, como se todos estivessem em sintonia em um único sentido. O mercado, na verdade, opera com posições diversas e, portanto, a noção de um ataque coordenado não reflete a realidade atual," comentou Galípolo.
O vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) têm estado alinhados com as análises de Galípolo, que toma posse do Banco Central em 1º de janeiro.
Na quarta-feira (18), durante uma coletiva, Haddad não descartou completamente a influência de especulações, porém, expressou confiança de que as intervenções do Banco Central e do Tesouro Nacional poderiam ajudar a estabilizar a situação.
Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, acompanhou Galípolo na coletiva e ressaltou que as intervenções no câmbio foram motivadas por "operações atípicas no mercado". Ele mencionou que o Brasil possui um nível elevado de reservas internacionais, atualmente em US$ 362,225 bilhões, o que permite a autarquia intervir quando necessário.
A última tentativa de intervenção do Banco Central consistiu na venda de US$ 8 bilhões em dois leilões extraordinários na mesma semana, totalizando uma injeção de US$ 20,7 bilhões no mercado cambial nos últimos dias.
Além disso, Campos Neto destacou que o fluxo financeiro nas contas do país está bastante negativo, prevendo ser um dos piores anos da história recente. Ele também observou que as pessoas físicas estão retirando quantitativos significativamente elevados de recursos do Brasil, o que complica ainda mais a situação do dólar.
O futuro presidente do BC reafirmou a importância de monitorar diariamente o fluxo de dólares e alertou que novos movimentos na moeda estrangeira são esperados até a sexta-feira (20). Apesar dos esforços, a valorização do dólar em relação ao real continua, reflexo das preocupações do mercado com a saúde fiscal do país, especialmente em meio às discussões sobre um pacote de contenção de despesas no Congresso Nacional.
Galípolo reconheceu a necessidade de enfrentar os problemas fiscais, mas ressaltou que não há soluções mágicas para a questão. "É muito difícil propor um programa fiscal que resolva todos os problemas no curto prazo," reconheceu. Ele enfatizou que sua função será dialogar com o governo para encaminhar as percepções do mercado e garantir que o Banco Central mantenha a confiança da população.
Apesar de sua ligação com o governo, Galípolo garantiu que não há interferência de Lula nas decisões do Banco Central, ressaltando que seu foco é garantir que a inflação não prejudique a população e que as metas sejam atingidas.